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televisão
OPINIÃO 60 ANOS DE TV
Telespectador não passará ileso à revolução digital
TV terá de dividir o tempo de sofá e a atenção do público com a internet
SAMUEL POSSEBON
ESPECIAL PARA A FOLHA
A TV é o principal veículo
de comunicação do país, presente em praticamente 100%
do território e dos domicílios
brasileiros, porque acertou
no modelo: gratuita para o
telespectador, financiada pela publicidade e com conteúdo adequado à audiência,
cujo hábito de assistir à TV
vem sendo forjado nessas
seis décadas de história que
se completam hoje.
Mas nenhum meio de comunicação passou ileso às
mudanças que as tecnologias digitais provocaram e
vêm provocando nesses últimos 15 anos.
A internet, por exemplo,
revolucionou a imprensa escrita, a telefonia e o consumo
de música e vídeo. Mas o impacto sobre a televisão ainda
é relativamente restrito.
Apostar que o modelo da
TV deixará de existir no curto
ou no médio prazos seria um
erro. Mas também é um erro
apostar que ela passará ilesa
à revolução digital.
Primeiro, porque ela mesma já se digitalizou, ganhou
alta definição e, sobretudo,
se tornou móvel. Essa mudança não é pequena: ao ganhar mobilidade, ganha novas audiências e pode, no futuro, ganhar novos formatos.
Isso para não falar na TV
por assinatura, que nos últimos 20 anos trouxe novos
conteúdos e modelos de negócio.
Mas a mudança tecnológica mais importante que começa a se desenhar é a convergência da internet com os
televisores.
Os aparelhos, ao ganharem conectividade, deixaram
de ser uma janela apenas para aquilo que a televisão tradicional distribui, e passaram também a sê-lo para
conteúdos em rede.
O que significa que todo o
universo de conteúdos, empresas, produtos e modelos
de negócio que está presente
na internet dividirá, potencialmente, o mesmo tempo
de sofá e a atenção dos telespectadores.
Se a internet mudou o
comportamento das pessoas
no trabalho e nas relações
pessoais, poderá mudar também o hábito das pessoas na
frente do televisor.
Nos próximos anos, a TV
vai se transformar porque o
telespectador vai mudar.
Mas, para isso, é preciso que
a internet se torne presente
em todos os lares, como fez a
televisão. E isso ainda levará
um um bom tempo.
SAMUEL POSSEBON é jornalista
especializado em comunicações desde
1994, editor da revista "Teletime" e autor
de "TV por Assinatura: 20 Anos de
Evolução".
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