São Paulo, sexta, 18 de setembro de 1998

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SHOW
Cantor acerta com Cole e erra com Beatles
Pizzarelli traz era do suingue a SP

SÉRGIO MALBERGIER
da Redação

O melhor do show de John Pizzarelli anteontem à noite no Bourbon Street, em São Paulo, foi o bis. Mandou uma intimista "Garota de Ipanema" na inspirada versão inglesa que Frank Sinatra transformou em hit global na década de 60.
Mas, apesar da admiração pelo ítalo-americano mais bem-sucedido na história da música, Pizzarelli tem mais da suavidade e do suingue de Nat King Cole do que da virilidade romântica dos "velhos olhos azuis".
O trio de guitarra, piano (Ray Kennedy) e baixo (o irmão Martin Pizzarelli) ecoa o início da carreira de Cole nos anos 40, o que fica explícito em sua versão de "Route 66".
Pizzarelli pode ser atrelado à vertente "old-is-new" (o antigo é novo) do jazz atual: artistas que recuperam (imitam, cutucam alguns) o fantástico patrimônio jazzístico ignorado pela geração MTV.
Mas Pizzarelli tem qualidades próprias. Filho de Bucky Pizzarelli, mestre da guitarra rítmica, começou a tocar banjo aos 6 e guitarra aos 12 anos.
Seu domínio do instrumento permite duetos precisos e delicados com Kennedy (que toca um piano suave a la Cole) e com sua própria voz.
O momento menos interessante do show foi o medley de músicas dos Beatles que comporão o seu próximo disco.
A versão jazzística de "Honey Pie" no disco "Our Love Is Here to Stay" (97) flui bem no meio de outras pérolas. Mas, no show, três músicas seguidas do quarteto inglês ressaltaram suas limitações.
A concessão aos Beatles não é a primeira da carreira do cantor-guitarrista, que já gravou um disco só com canções de Natal.
Faz bem. Os cantores de jazz, como Sinatra, Cole, Billie Holiday e Sarah Vaughan já ocuparam o lugar das paradas hoje dominado por Madonna, Oasis, U2 e Spice Girls. Um ou outro cantor de jazz não faria mal nenhum à lista.



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