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SHOW
Cantor acerta com Cole e erra com Beatles
Pizzarelli traz era do suingue a SP
SÉRGIO MALBERGIER
da Redação
O melhor do show de John
Pizzarelli anteontem à noite no
Bourbon Street, em São Paulo,
foi o bis. Mandou uma intimista "Garota de Ipanema" na inspirada versão inglesa que
Frank Sinatra transformou em
hit global na década de 60.
Mas, apesar da admiração pelo ítalo-americano mais bem-sucedido na história da música,
Pizzarelli tem mais da suavidade e do suingue de Nat King
Cole do que da virilidade romântica dos "velhos olhos
azuis".
O trio de guitarra, piano (Ray
Kennedy) e baixo (o irmão
Martin Pizzarelli) ecoa o início
da carreira de Cole nos anos 40,
o que fica explícito em sua versão de "Route 66".
Pizzarelli pode ser atrelado à
vertente "old-is-new" (o antigo
é novo) do jazz atual: artistas
que recuperam (imitam, cutucam alguns) o fantástico patrimônio jazzístico ignorado pela
geração MTV.
Mas Pizzarelli tem qualidades
próprias. Filho de Bucky Pizzarelli, mestre da guitarra rítmica, começou a tocar banjo aos 6
e guitarra aos 12 anos.
Seu domínio do instrumento
permite duetos precisos e delicados com Kennedy (que toca
um piano suave a la Cole) e
com sua própria voz.
O momento menos interessante do show foi o medley de
músicas dos Beatles que comporão o seu próximo disco.
A versão jazzística de "Honey
Pie" no disco "Our Love Is Here
to Stay" (97) flui bem no meio
de outras pérolas. Mas, no
show, três músicas seguidas do
quarteto inglês ressaltaram
suas limitações.
A concessão aos Beatles não é
a primeira da carreira do cantor-guitarrista, que já gravou
um disco só com canções de
Natal.
Faz bem. Os cantores de jazz,
como Sinatra, Cole, Billie Holiday e Sarah Vaughan já ocuparam o lugar das paradas hoje
dominado por Madonna, Oasis, U2 e Spice Girls. Um ou outro cantor de jazz não faria mal
nenhum à lista.
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