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LITERATURA
Manifestantes tentam impedir divulgação de títulos neonazistas
Editora Revisão é motivo de protestos em Feira do Livro
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Com um abaixo-assinado, um
grupo de manifestantes tenta impedir que a editora Revisão, acusada de fazer apologia do nazismo, participe da próxima Feira do
Livro de Porto Alegre.
No entanto, é quase certa a presença da editora no evento, que
ocorre de 27 de outubro a 15 de
novembro, na capital gaúcha.
A Revisão pertence ao escritor
Sigfried Ellwanger, condenado judicialmente pela prática do anti-semitismo. Entre outros livros, a
editora distribui ""Holocausto -Judeu ou Alemão?", de autoria do
próprio Ellwanger.
Não é a primeira vez que os livros da Revisão e sua participação
na feira despertam polêmica.
Sempre que foi questionado, o escritor entrou na Justiça para garantir sua participação na feira,
invocando a liberdade de expressão.
Paulo Ledur, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro,
que organiza a feira, confirma o
recebimento do abaixo-assinado,
com mais de cem assinaturas. No
documento, os signatários dizem
que a Revisão se utiliza da tática
da "mentira até virar verdade" ao
negar o extermínio de judeus.
Ainda acrescenta que a editora representa "a antítese do propósito
da feira".
Ledur informa que a Revisão
garantiu na Justiça a condição de
associada da entidade, depois de
ter sido expulsa. E diz que, mesmo não concordando "com qualquer forma de discriminação, seja
ela racial, religiosa ou político-ideológica", não cabe à Câmara
Rio-Grandense do Livro "poder
de Justiça, muito menos de polícia".
"A editora Revisão é uma entidade legalmente constituída e
preenche os requisitos estatutários para admissão como associada desta Câmara. Sendo regularmente associada, cabe-lhe o direito de participar de todas as atividades realizadas pela entidade",
escreveu, em resposta aos signatários do abaixo-assinado.
"No ano de 1989, a editora Revisão foi declarada "persona non
grata" pelo município de Porto
Alegre (ato também revogado judicialmente) e, em assembléia geral da Câmara Rio-Grandense do
Livro, foi excluída do quadro associativo. Poucos dias depois,
uma liminar determinou sua
reintegração ao quadro associativo, havendo decisão definitiva a
esse respeito no ano de 1992",
lembrou Ledur.
Outro lado
A Folha tentou ouvir Sigfried
Ellwanger, mas este não foi encontrado até o fechamento desta
edição. Sua mulher, Leonilda, disse que ele estava viajando e que
não daria entrevistas.
De acordo com Leonilda, um
advogado do editor, com escritório em Brasília, estará em Porto
Alegre durante a feira para sustentar eventuais defesas de seu
cliente.
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