São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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MÚSICA/LANÇAMENTO

"LIGHT & MAGIC"

Grupo de Liverpool solta mensagens subliminares do rock

Ladytron reforça o electro com atitude antieletrônica

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Nova onda eletrônica, renascimento do rock. O ano de 2001 foi um dos mais prolíficos para o pop, com o esboço de novas cenas musicais. Se o grupo nova-iorquino The Strokes celebrou as guitarras dos anos 70, a música eletrônica teve seu semelhante revisionista. O grupo em questão vem de Liverpool e chama-se Ladytron, que, após o cultuado "604" (2001), lança "Light & Magic".
Quarteto multiétnico formado por duas garotas e dois rapazes, o grupo foi um dos mais celebrados pela crítica em 2001 devido a uma sonoridade que lembra os pioneiros da música eletrônica (Kraftwerk, Depeche Mode etc.).
Citadas as referências, pode-se pensar que este é apenas mais um entre dezenas de seguidores da moda oitentista que assola as casas noturnas de São Paulo a Londres. No entanto foi o Ladytron que ajudou a moldar a versão atual da cena electro, que tem como nome mais conhecido a francesa Miss Kittin.
Neste CD, o grupo injeta elementos sutis do rock, ao mesmo tempo em que cria músicas com ainda mais apelo nas pistas. Por meio do trabalho, o Ladytron responde a uma questão que, mesmo com a popularização, ainda é arraigada ao estilo: sim, é possível fazer música com máquinas e ainda assim soar totalmente humano. Fato consumado devido ao senso pop e vocais quase infantis de Mira Aroyo e Helena Marnie.
Em entrevista à Folha, o mentor da banda, o inglês Daniel Hunt, 27, diz que o Ladytron não é obcecado apenas por um estilo. "Nossa atitude é rock; não gostamos da atitude purista da música eletrônica. Colocamos elementos do rock nas nossas canções."
Gravado em Los Angeles, longe do clima europeu, "Light & Magic" é um álbum influenciado pelo clima ensolarado. "Pegue um disco do Joy Division e o ouça em Manchester; experimente depois ouvi-lo na Califórnia. Foi isso que aconteceu conosco. Músicas como "Evil" e "Fire" tiveram esse impacto do ambiente", diz.
Hunt diz não se sentir à vontade com a filiação que é feita entre sua banda e a cena electro. "Preferimos continuar no isolamento. É óbvio que hoje existem mais pessoas fazendo uma música parecida com a nossa, mas esse é o nosso som desde que começamos. Gostamos de artistas como Felix da Housecat e Miss Kittin, é uma admiração mútua, mas musicalmente somos muito diferentes."


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