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MÚSICA/LANÇAMENTO
"LIGHT & MAGIC"
Grupo de Liverpool solta mensagens subliminares do rock
Ladytron reforça o electro com atitude antieletrônica
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Nova onda eletrônica, renascimento do rock. O ano de 2001 foi
um dos mais prolíficos para o
pop, com o esboço de novas cenas
musicais. Se o grupo nova-iorquino The Strokes celebrou as guitarras dos anos 70, a música eletrônica teve seu semelhante revisionista. O grupo em questão vem de Liverpool e chama-se Ladytron,
que, após o cultuado "604" (2001),
lança "Light & Magic".
Quarteto multiétnico formado
por duas garotas e dois rapazes, o
grupo foi um dos mais celebrados
pela crítica em 2001 devido a uma
sonoridade que lembra os pioneiros da música eletrônica (Kraftwerk, Depeche Mode etc.).
Citadas as referências, pode-se
pensar que este é apenas mais um
entre dezenas de seguidores da
moda oitentista que assola as casas noturnas de São Paulo a Londres. No entanto foi o Ladytron
que ajudou a moldar a versão
atual da cena electro, que tem como nome mais conhecido a francesa Miss Kittin.
Neste CD, o grupo injeta elementos sutis do rock, ao mesmo
tempo em que cria músicas com
ainda mais apelo nas pistas. Por
meio do trabalho, o Ladytron responde a uma questão que, mesmo com a popularização, ainda é
arraigada ao estilo: sim, é possível
fazer música com máquinas e ainda assim soar totalmente humano. Fato consumado devido ao
senso pop e vocais quase infantis
de Mira Aroyo e Helena Marnie.
Em entrevista à Folha, o mentor
da banda, o inglês Daniel Hunt,
27, diz que o Ladytron não é obcecado apenas por um estilo. "Nossa atitude é rock; não gostamos da
atitude purista da música eletrônica. Colocamos elementos do
rock nas nossas canções."
Gravado em Los Angeles, longe
do clima europeu, "Light & Magic" é um álbum influenciado pelo clima ensolarado. "Pegue um
disco do Joy Division e o ouça em
Manchester; experimente depois
ouvi-lo na Califórnia. Foi isso que
aconteceu conosco. Músicas como "Evil" e "Fire" tiveram esse impacto do ambiente", diz.
Hunt diz não se sentir à vontade
com a filiação que é feita entre sua
banda e a cena electro. "Preferimos continuar no isolamento. É
óbvio que hoje existem mais pessoas fazendo uma música parecida com a nossa, mas esse é o nosso som desde que começamos.
Gostamos de artistas como Felix
da Housecat e Miss Kittin, é uma
admiração mútua, mas musicalmente somos muito diferentes."
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