São Paulo, quinta-feira, 18 de outubro de 2007

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A vitória dos NERDS

Diretor e produtor Judd Apatow fala sobre o sucesso de suas comédias sobre "zés-ninguéns", como "Ligeiramente Grávidos" e "Superbad"

Divulgação
Os atores Christopher Mintz-Plasse e Aviva em "Superbad - É Hoje', que estréia amanhã


LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Julia Roberts, Hugh Grant, Renée Zellweger e demais rostos fotogênicos das comédias românticas, abram alas: o bloco dos gordinhos desbocados e magrelos aparvalhados vai passar. Depois de inspirar franquias cult dos anos 80, como "A Vingança dos Nerds" (quatro filmes) e "Porky's" (três), a trupe de desengonçados volta à carga em Hollywood, protagonizando histórias que jogam para escanteio a candura e a assepsia das fitas de Roberts e cia.
Além dos aplausos do público, a nova geração de nerds conta com o reconhecimento da crítica. O responsável pelo "upgrade" é o roteirista, diretor e produtor norte-americano Judd Apatow, 39, cujo nome figura nos créditos de "O Virgem de 40 Anos", "Ligeiramente Grávidos" e "Superbad - É Hoje", que estréia nos cinemas brasileiros amanhã.
No embalo do sucesso dessas produções (todas faturaram mais de US$ 100 milhões nas bilheterias dos EUA), ele ganhou perfis alentados em revistas como "Wired" e "The New York Times Magazine". O crítico-chefe do "NYT", A.O. Scott, classificou "Grávidos" como um "clássico instantâneo, [...] que captura a confusão sexual e a ambivalência moral do nosso tempo [...] sem dar sermão".
Em entrevista por telefone à Folha, de Los Angeles, Apatow faz a linha modesto quando a reportagem sugere que seu humor áspero e politicamente incorreto está desbancando as gags carolas das comédias românticas. "Não sei muito sobre as tendências do gênero. Só estou tentando fazer filmes que sejam originais e representem, espero eu, um ponto de vista singular. Sou entusiasta de todos os tipos de comédia. Há espaço para todos eles. Vi "Letra e Música" [com Drew Barrymore e Hugh Grant] na estréia."
Ele não acha que esteja em curso um "contra-ataque nerd", porque "a comédia é sempre sobre ineptos, seja Jerry Lewis ou Steve Martin". "Toda grande comédia é sobre "zés-ninguéns" e "nerds". Esse é o núcleo da maioria das histórias do gênero: pessoas alcançando algo que seria difícil para elas [em outras circunstâncias]. Homens e mulheres atrapalhados são mais divertidos de assistir do que pessoas incrivelmente bonitas."
E completa, propondo um breve tratado para explicar a identificação da platéia com os personagens que cria: "A maior parte das pessoas é nerd. Quantas realmente se parecem e agem como o George Clooney? Todos concordamos que ele é o cara mais "cool" do mundo. Mas a maioria de nós tem muito pouco em comum com ele. Temos bem mais afinidades com os tipos apatetados que habitam meus filmes."


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