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Bienal de Veneza premia León Ferrari
Aos 87 anos, artista argentino levou o prêmio pelo conjunto da obra; júri privilegiou países periféricos
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
O artista argentino León Ferrari recebeu ontem em Veneza
o Leão de Ouro, principal prêmio concedido a um dos participantes da 52ª Bienal da cidade italiana, que segue até 21/11.
Diferentemente das edições
anteriores, a premiação foi realizada depois de três meses de
exposição, com exceção do fotógrafo Malick Sidibé (do Mali), que recebeu o Leão de Ouro
pelo conjunto de sua obra na
abertura da mostra, dia 10/6,
por indicação de seu curador, o
norte-americano Robert Storr.
Aos 87 anos, Ferrari tem participado de algumas das mais
importantes mostras internacionais de arte contemporânea.
Além da 11ª Documenta de
Kassel, encerrada no mês passado, o artista esteve presente
na 27ª Bienal de São Paulo, no
ano passado, quando também
foi tema de uma retrospectiva
na Pinacoteca do Estado.
Receberam também o Leão
de Ouro a jordaniana Emily Jacir, como artista com menos de
40 anos; a Hungria, pelo melhor pavilhão, representado
pelo artista Andreas Fogarasi;
e o crítico norte-americano
Benjamin Buchloh. Foram
concedidas ainda duas menções honrosas: ao pavilhão da
Lituânia, representado pelos
artistas Nomeda & Gediminas
Urbonas; e ao artista búlgaro
Nedko Solakov.
O júri, composto por Manuel
J. Borja-Villel, diretor do Museu de Arte Contemporânea de
Barcelona, Iwona Blazwick,
Ilaria Bonacossa, Abdellah
Karroum e José Roca, um dos
co-curadores da última Bienal
de São Paulo, foi político, com
uma distribuição geográfica
que privilegiou países periféricos no circuito artístico.
Para justificar o prêmio a
Ferrari, na cerimônia ontem, o
presidente do júri afirmou que
foi concedido "não apenas pela
sua atitude ética ou seu empenho político, mas também pela
relevância estética no contemporâneo, inesperado para um
trabalho que se desenvolveu
nos últimos 70 anos".
Uma de suas obras expostas
em Veneza, "A Civilização Ocidental e Cristã" fez parte da
mostra "Poéticas e Políticas",
em Buenos Aires, no final de
2004, que dividiu a cidade, provocando protestos por parte de
religiosos e até mesmo ameaças de bombas. Ferrari viveu
em São Paulo, entre 1976 e
1983, onde produziu grande
quantidade de trabalhos, alguns expostos em Veneza.
Já o Leão de Ouro para o pavilhão da Hungria foi a grande
surpresa, por superar trabalhos
que obtiveram grande repercussão, como Sophie Calle, no
pavilhão francês; Aernout Mik,
no holandês; e Feliz Gonzalez-Torres, no norte-americano.
Fogarasi apresentou a obra
"Cultura e Lazer", composta
por vídeos exibidos em caixas
suspensas, que ironizam o estado dos centros culturais em Budapeste.
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