São Paulo, domingo, 18 de outubro de 2009

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BIA ABRAMO

"Filhos do Carnaval" volta bom como antes


Série mostra a disputa de poder entre três irmãos herdeiros de um império de contravenção

PENA QUE seja só lá no HBO. Na segunda temporada, "Filhos do Carnaval" voltou com a qualidade da primeira -e algumas coisinhas a mais.
Se nos seis primeiros episódios, exibidos em 2006, a série sobre o mundo da contravenção carioca tinha uma textura quase cinematográfica, tanto em termos do roteiro como do tratamento visual, desta vez ela se aproxima ainda mais do ritmo e das possibilidades narrativas de um seriado.
E isso não é um problema, pelo contrário. Significa, no mínimo, duas coisas: que havia ali, já da primeira vez, personagens e situações ao mesmo tempo bem construídas e abertas o suficiente para continuar se desenvolvendo e, de uma forma mais geral, que de 2006 para cá se aprendeu a fazer séries por aqui.
Como da primeira vez, "Filhos..." recomeça com uma morte -o episódio 1 mata o filho predileto e herdeiro dos negócios escusos de Anésio Gebara; desta vez, é o velho quem morre. O império constituído por um esquema de jogo do bicho, máquinas caça-níqueis e lavagem de dinheiro na escola de samba -cardápio clássico da máfia à carioca- está nas mãos do caçula, Claudinho. Os dois filhos bastardos e não reconhecidos do bicheiro, Brown e Nilo, estão, de início, alijados da disputa.
Quando o velho morre, Claudinho precisa dos irmãos -é daí que a coisa parte. Os conflitos entre os irmãos e a aparição de um tio vingativo, numa não disfarçada referência aos chefões de Coppola, fazem o tecido narrativo andar para frente. Mas as diferenças entre eles é que criam o substrato dramático. E, claro, falando de diferenças, aqui não há muita sutileza sociológica: elas estão, num primeiro momento, estampadas à flor da pele dos personagens.
O que há de sociologia, entretanto, é tratado de forma tão inteligente e, de certa forma, irônica pelo roteiro que se desvia, folgadamente, do estereótipo para ir em direção a outra coisa. Nesta segunda temporada, então, quando entram, de maneira mais decisiva, as mulheres e os filhos dos três irmãos, tudo se complica ainda mais, como se pode imaginar a partir dos dois episódios já exibidos e do que vai ao ar hoje, às 21h.
E, de resto, tanto a exuberância visual como a direção de atores, se mantém no nível de acerto da primeira. É de lamentar a ausência de Jece Valadão, morto em 2006, logo após a primeira temporada ter sido exibida. Mas a entrada de Walmor Chagas, a ampliação das excelentes participações femininas (Mariana Lima, Roberta Rodrigues e Shirley Cruz) e do adolescente Vitor Thiré (no papel de Cris, o filho de Claudinho) são muitíssimo bem-vindas.

biabramo.tv@uol.com.br


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