São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 2005

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ÚLTIMA MODA

Sommer não sumiu

Em meio ao caos de uma obra barulhenta, Marcelo Sommer, 38, parece tranqüilo. Sua próxima coleção está adiantada. E a sua loja na rua Augusta, que fechou as portas no ano passado, vai reabrir no dia 23. Chegou ao fim o purgatório astral de um dos estilistas mais prestigiados do Brasil.
Sommer gravitou entre o Céu e o Inferno desde junho de 2004, quando vendeu sua marca para o grupo AMC Têxtil. "Estava tendo problemas administrativos. Como a oferta era irrecusável financeiramente, vendi. Mas sofri como se entregasse um filho a pais adotivos."
Caiu em depressão. Mesmo assim, apresentou uma nova coleção no SP Fashion Week. Foi a pior de sua carreira. Depois, precisou fechar a loja para adequá-la aos padrões dos novos donos. A reforma foi o primeiro passo do ambicioso plano de expansão da marca Sommer traçado pelo grupo catarinense. A meta é abrir dez novas lojas.
Nos bastidores da moda, fala-se que o presidente do grupo AMC, Alexandre Menegotti, alimenta o sonho de ser uma versão brasileira de Bernard Arnault, o poderoso líder do conglomerado de luxo LVMH (Moët Henessy Louis Vuitton), dono da Dior e da Givenchy. Ele faz por onde. Comprou e fez estourar os lucros da Colcci e assumiu a linha de roupas da Coca-Cola.
Sommer foi mantido como diretor criativo da marca e concordou em criar uma segunda linha de roupas, mais comercial. Longe da administração, sua única preocupação agora é a moda. Os resultados criativos já começaram a aparecer: seu desfile em janeiro deste ano foi um dos melhores da história do SP Fashion Week. E Sommer quer mais. Promete surpresas para a próxima coleção, em janeiro de 2006. "Será especial. Vou rever toda a minha carreira", diz.


MARCELO SOMMER: r. Augusta, 2.619, São Paulo. Tel. 0/xx/47/3251-3000.

TERRA À VISTA
Você conhece alguma grife portuguesa? Nós também não. Por isso mesmo, um grupo de empresários portugueses investiu pesado no showroom Art & Moda, que começa no dia 24, em SP, com roupas masculinas made in Portugal. O endereço é top (av. Europa, 660), e o alvo são os lojistas classe A.

TELEGRAMAS
Reinaldo Lourenço apresenta sua coleção de alto verão no próximo dia 22, na loja da Bela Cintra. Para a festa, o artista Rick Castro vai pintar a vitrine com seis litros de esmalte de unha.
 

A fotógrafa Claudia Guimarães abre hoje, às 19h30, no House of Erik!a Palomino (r. Mourato Coelho, 790), a exposição "(des)Memórias".
 

O Mercado Mundo Mix começa amanhã, às 14h, na praça Roosevelt, e só fecha no domingo, às 20h. Haja fôlego!

CABEÇA FEITA
Hit nos anos 60, as faixas de cabelo estão de volta. A peça básica é preta, de largura média -o mesmo vale para as tiaras. Num look chique e descolado, o ideal é usar a faixa com coques baixos, a dois dedos da raiz do cabelo. Faixa no meio da testa, só para dançarinas de axé.

Zara coloca Brasil na rota da "fast fashion"

O Brasil é o novo alvo da Zara. Em 8 de dezembro, a poderosa marca espanhola inaugura a sua 14ª loja no país, no Shopping Recife. No ano que vem, abrirá mais cinco. Até 2010, quer ter 40 lojas funcionando em terras brasileiras. Não acabou: já estão avançados os planos da Inditex, dona da marca, para trazer para cá outras duas grifes da empresa. No coração do consumo sofisticado de SP, o Shopping Iguatemi, a Zara já se tornou a loja que mais vende, com cerca de 40 mil pessoas circulando por mês entre suas araras.

   

"Já encontramos o fio da meada. Para nós, o Brasil é um mercado muito promissor", diz o presidente da Zara no Brasil, o carioca Pedro Janot, 46, no escritório da empresa em São Paulo. De repente, ele abre uma pequena janela por onde se avista um galpão de 4.000 m2 e um oceano de 400 mil peças de roupa. Cerca de 70% das roupas são importadas. Os sapatos são feitos no Brasil e boa parte já segue para exportação. "Não temos concorrentes diretos", diz Janot, fechando a janela.
   

A Zara é um dos mais bem-sucedidos empreendimentos de "fast fashion" -estratégia de marketing que está transfigurando o negócio mundial da moda, com sua produção de roupas com design a preços razoáveis, em ritmo acelerado e com trocas vertiginosas do estoque, de modo a dar ao consumidor a sensação de exclusividade. Na Espanha, a "fast fashion" já tem 20% do mercado de moda. No Reino Unido, 12%. Prepare-se: é apenas o início de uma revolução.

SANTA KATE
O flagrante de Kate Moss com cocaína não prejudicou tanto assim a modelo, como alguns previam. Ao contrário: returbinou sua carreira. Ela foi capa das últimas "W" e "Vanity Fair", é destaque do calendário 2006 da Pirelli e estrela da nova campanha de Roberto Cavalli, em pose que lembra as iconografias de São Sebastião. Na foto da direita, o escritor Yukio Mishima imitando o santo católico; na da esquerda, a mártir supersexy da moda, já desintoxicada.

ALCINO LEITE, com Viviane Whiteman - ultima.moda@folha.com.br

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