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POLÊMICA
Vocalista Marcelo D2 afirma que banda deve sair de cena até discutir com advogados novas estratégias
Planet Hemp fala em abandonar o país
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
Os integrantes do Planet Hemp
afirmaram ontem, em São Paulo,
que devem sair temporariamente
de cena -até, pelo menos, poderem se reunir para decidir o que
fazer de agora em diante.
"Por ora, vamos parar de fazer
show, ninguém quer voltar para a
cadeia", disse o vocalista do grupo, Marcelo D2. "Se houver algum problema jurídico, estamos
dispostos até a sair do Brasil
-morar lá fora, gravar lá fora e
lançar aqui no Brasil." Leia trechos de sua entrevista à Folha.
Folha - O que vai acontecer com
o Planet Hemp daqui por diante?
Marcelo D2 - Tudo é uma faca
de dois gumes. Uns querem fazer a
gente de herói, outros querem fazer a gente de bandido. Não somos
nem um nem outro, somos músicos brasileiros, normais. Queremos gravar um disco menorzinho,
barato, que redirecione nossa carreira, quem sabe nos levando de
volta ao underground. E queríamos fazer um selo beneficente, que
ajudasse crianças com Aids. Por
ora, a gente vai parar de fazer
show, até porque ninguém quer ir
para a cadeia. Temos que falar com
o advogado, discutir como fazer
para voltar a fazer shows.
Folha - As letras vão retroceder?
D2 - Acho que vão ficar mais
pesadas. No primeiro CD, eram
mais ingênuas, menos políticas;
no segundo, a gente começou a lidar de frente com esse tipo de gente. Agora tendem a ficar mais sérias, mais políticas.
Mas precisamos ver se vão poder
sair. Não sei como o próximo disco
será lançado, se vai ter de passar
pela censura... Se não puder sair, a
gente guarda debaixo do braço e
lança daqui a 20, 50 anos.
Se houver algum problema jurídico, estamos dispostos até a sair
do Brasil. Morar lá fora, gravar lá
fora e lançar aqui no Brasil. Seria
uma volta à ditadura, ter artista
exilado quase nos anos 2000, acho
que não acontece nem no Zaire.
Folha - A maconha continuará
presente?
D2 - Pode ser que não, mas já
fiz duas músicas depois da cadeia
falando disso (ri). Deve estar guardado dentro do cérebro.
Folha - Vocês podem vir a retirar
músicas sobre maconha de shows?
D2 - Nunca. Se proibirem uma
música, a gente não toca mais. Ou
cantamos tudo ou não cantamos
nada. A gente não pode se dobrar.
Folha - Depois da prisão, não se
fala mais da música do Planet
Hemp. O discurso de vocês agora é
mais importante que a música?
D2 - Espero ficar mais famoso
pela música que pela polêmica. Os
Mutantes são uma das bandas que
eu mais gosto e passaram por isso
também. Falar que a minha música e minhas letras são ruins eu até
aceito. Mas falar que não posso fazer esse tipo de música e letra é inaceitável.
Visite o site oficial do Planet Hemp: http://www.uol.com.br/planethemp/
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