São Paulo, terça, 18 de novembro de 1997.




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POLÊMICA
Vocalista Marcelo D2 afirma que banda deve sair de cena até discutir com advogados novas estratégias
Planet Hemp fala em abandonar o país

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

Os integrantes do Planet Hemp afirmaram ontem, em São Paulo, que devem sair temporariamente de cena -até, pelo menos, poderem se reunir para decidir o que fazer de agora em diante.
"Por ora, vamos parar de fazer show, ninguém quer voltar para a cadeia", disse o vocalista do grupo, Marcelo D2. "Se houver algum problema jurídico, estamos dispostos até a sair do Brasil -morar lá fora, gravar lá fora e lançar aqui no Brasil." Leia trechos de sua entrevista à Folha.

Folha - O que vai acontecer com o Planet Hemp daqui por diante?
Marcelo D2 -
Tudo é uma faca de dois gumes. Uns querem fazer a gente de herói, outros querem fazer a gente de bandido. Não somos nem um nem outro, somos músicos brasileiros, normais. Queremos gravar um disco menorzinho, barato, que redirecione nossa carreira, quem sabe nos levando de volta ao underground. E queríamos fazer um selo beneficente, que ajudasse crianças com Aids. Por ora, a gente vai parar de fazer show, até porque ninguém quer ir para a cadeia. Temos que falar com o advogado, discutir como fazer para voltar a fazer shows.
Folha - As letras vão retroceder?
D2 -
Acho que vão ficar mais pesadas. No primeiro CD, eram mais ingênuas, menos políticas; no segundo, a gente começou a lidar de frente com esse tipo de gente. Agora tendem a ficar mais sérias, mais políticas.
Mas precisamos ver se vão poder sair. Não sei como o próximo disco será lançado, se vai ter de passar pela censura... Se não puder sair, a gente guarda debaixo do braço e lança daqui a 20, 50 anos.
Se houver algum problema jurídico, estamos dispostos até a sair do Brasil. Morar lá fora, gravar lá fora e lançar aqui no Brasil. Seria uma volta à ditadura, ter artista exilado quase nos anos 2000, acho que não acontece nem no Zaire.
Folha - A maconha continuará presente?
D2 -
Pode ser que não, mas já fiz duas músicas depois da cadeia falando disso (ri). Deve estar guardado dentro do cérebro.
Folha - Vocês podem vir a retirar músicas sobre maconha de shows?
D2 -
Nunca. Se proibirem uma música, a gente não toca mais. Ou cantamos tudo ou não cantamos nada. A gente não pode se dobrar.
Folha - Depois da prisão, não se fala mais da música do Planet Hemp. O discurso de vocês agora é mais importante que a música?
D2 -
Espero ficar mais famoso pela música que pela polêmica. Os Mutantes são uma das bandas que eu mais gosto e passaram por isso também. Falar que a minha música e minhas letras são ruins eu até aceito. Mas falar que não posso fazer esse tipo de música e letra é inaceitável.


Visite o site oficial do Planet Hemp: http://www.uol.com.br/planethemp/


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