São Paulo, sexta, 18 de dezembro de 1998

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A HISTÓRIA
Da poesia ao estilo "gangsta"

especial para a Folha

Para se falar de rap, há que se falar primeiro do hip hop, um conjunto de expressões culturais dos negros e latinos que moravam em Nova York. O rap é um dos elementos do hip hop, que também abrange dança (break), pintura (grafite) e poesia falada (MCs).
O rap deu seus primeiros passos em Nova York, no final dos anos 70. Os DJs já dominavam o uso do mixer, um aparelhinho recém-inventado que permitia unir uma música à outra, quase que imperceptivelmente, e assim manter o pique de quem estava na pista de dança, que naquela época fervia ao som da discoteca.
Os DJs passaram a ganhar lugar de destaque na noite nova-iorquina. Mais confiantes, eles passaram a falar sobre suas conquistas amorosas e suas habilidades nas picapes sobre a base musical criada.
Algumas vezes, dois DJs estavam presentes no local e então aconteciam duelos em que cada um tentava mostrar sua superioridade com rimas, ritmo e fluência. Foi assim unindo mixagem, scratch e falatório que surgiu o rap.
A divulgação das festas era feita boca-a-boca ou por meio de folhetos. Foi por causa desses folhetos que o namoro entre o rap e o grafite começou, já que quase todos os materiais usavam a estética grafiteira para atrair mais público.
Nesses bailes, algumas pessoas passaram a desenvolver passos que envolviam dança, luta e acrobacias. Mais um elemento era incorporado à cultura hip hop: a break dance.
Com a sofisticação do rap, houve uma divisão de tarefas: os DJs passaram a se dedicar só às picapes, e apareceu o MC (mestre de cerimônias), que ficava com o microfone.
Muito do que os MCs cantavam era improvisado, numa forma de arte bem parecida com o repente brasileiro. Das ruas, o rap invadiu as casas de shows, revistas e TVs.
Um segundo "pólo" de rap surgiu na Costa Oeste dos EUA, tendo como centro Los Angeles. Quando o rap chegou a Los Angeles, em 85, abandonou os temas usados em Nova York, dinheiro, mulheres, carrões, e passou a falar da violência das ruas e das gangues.
Uma das explicações para essa mutação foi a explosão do crack, que gerou o aumento da violência urbana. A população se armou e o número de negros encarcerados cresceu descontroladamente.
Surgiu assim o "gangsta" rap, cujos temas principais eram a desconfiança das mulheres, a lealdade à gangue, o ódio à autoridade e a postura fria em relação ao mundo. Com o "gangsta" rap, o antagonismo entre as Costas Lestes e Oeste ganhou força e teve seu ápice com as mortes dos rappers Notorious B.I.G. (de Nova York), em 97, e Tupac Shakur (de Los Angeles), em 96. (AE)



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