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A HISTÓRIA
Da poesia ao estilo "gangsta"
especial para a Folha
Para se falar de rap, há que se falar primeiro do hip hop, um conjunto de expressões culturais dos
negros e latinos que moravam em
Nova York. O rap é um dos elementos do hip hop, que também
abrange dança (break), pintura
(grafite) e poesia falada (MCs).
O rap deu seus primeiros passos
em Nova York, no final dos anos
70. Os DJs já dominavam o uso do
mixer, um aparelhinho recém-inventado que permitia unir uma
música à outra, quase que imperceptivelmente, e assim manter o
pique de quem estava na pista de
dança, que naquela época fervia ao
som da discoteca.
Os DJs passaram a ganhar lugar
de destaque na noite nova-iorquina. Mais confiantes, eles passaram
a falar sobre suas conquistas amorosas e suas habilidades nas picapes sobre a base musical criada.
Algumas vezes, dois DJs estavam
presentes no local e então aconteciam duelos em que cada um tentava mostrar sua superioridade
com rimas, ritmo e fluência. Foi assim unindo mixagem, scratch e falatório que surgiu o rap.
A divulgação das festas era feita
boca-a-boca ou por meio de folhetos. Foi por causa desses folhetos
que o namoro entre o rap e o grafite começou, já que quase todos os
materiais usavam a estética grafiteira para atrair mais público.
Nesses bailes, algumas pessoas
passaram a desenvolver passos
que envolviam dança, luta e acrobacias. Mais um elemento era incorporado à cultura hip hop: a
break dance.
Com a sofisticação do rap, houve
uma divisão de tarefas: os DJs passaram a se dedicar só às picapes, e
apareceu o MC (mestre de cerimônias), que ficava com o microfone.
Muito do que os MCs cantavam
era improvisado, numa forma de
arte bem parecida com o repente
brasileiro. Das ruas, o rap invadiu
as casas de shows, revistas e TVs.
Um segundo "pólo" de rap surgiu na Costa Oeste dos EUA, tendo
como centro Los Angeles. Quando
o rap chegou a Los Angeles, em 85,
abandonou os temas usados em
Nova York, dinheiro, mulheres,
carrões, e passou a falar da violência das ruas e das gangues.
Uma das explicações para essa
mutação foi a explosão do crack,
que gerou o aumento da violência
urbana. A população se armou e o
número de negros encarcerados
cresceu descontroladamente.
Surgiu assim o "gangsta" rap, cujos temas principais eram a desconfiança das mulheres, a lealdade
à gangue, o ódio à autoridade e a
postura fria em relação ao mundo.
Com o "gangsta" rap, o antagonismo entre as Costas Lestes e Oeste
ganhou força e teve seu ápice com
as mortes dos rappers Notorious
B.I.G. (de Nova York), em 97, e Tupac Shakur (de Los Angeles), em
96.
(AE)
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