São Paulo, sexta, 18 de dezembro de 1998

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TELEVISÃO - CRÍTICA
Guerra é guerra, mas precisava ser assim?

TELMO MARTINO
Colunista da Folha

Espera-se tudo de um programa que se chama "Guerra É Guerra" e é apresentado até as horas mais altas da noite de sábado pela CNT/ Gazeta. Mas, lembrando-se do detalhe de que o programa traz no título a assinatura -Evê Sobral- do seu apresentador, pensa-se logo na possibilidade de mais uma "ego-trip" paulista.
Assim seria se o Evê Sobral não fosse apenas um jovem rapaz carioca que optou por São Paulo. Pelo jeito, com algum êxito. Teve, por exemplo, direito a uma transmissão exclusiva das imagens do casamento de Adriane Galisteu com o noivo Roberto Justus.
E que tal o casamento? A noiva estava linda, deliberadamente vestida pelo estrangeiro Valentino. Para compensar essa sensação de perda, Ronaldo Esper foi convidado para ser o Amaury Jr. da festa. Quem é Ronaldo Esper? "É o único estilista do Brasil", explica o conde Chiquinho Scarpa. "Veste todas as mulheres da minha família." Inclusive sua jovem esposa, que cintila ao seu lado, como se tivesse aberto o cofre das jóias de todas as Gabor. Da Zsa à Zsa.
Aproveitando a dica de que guerra é guerra, todas as mulheres desrespeitaram o pedido para que se vestissem à la "Cocktail".
Com as louras na maioria, todas usaram longos de muitos babados e outros frufrus. Não foi, Marina de Sabrit? "Achei super correto", um puro palpite da Hortência Cestinha... Sempre dentro do lema guerra-é-guerra, a Ana Maria Braga berrou que tinha chegado atrasada. Num close, a Poppovic espocou: "Um casamentão!". Nada mais se disse.
O Evê Sobral pôs um blazer (?) e uma gravata horrenda e foi para a igreja do padre Zeca, bem pertinho das pedras do Arpoador, Aquele do Deus é dez? Que ótimo. "Fiz o "Deus é dez' para receber o papa na praia de Ipanema, de maneira simples e direta." O resto é história e o Evê aproveitou ao máximo.
Cantou-se muito e ainda mais. Até o padre Jorjão apareceu para cantar também. "Celibato é difícil? Fica bem mais fácil com toda essa gente que canta comigo." E revela: "Faço surfe na Barra".
Entre uma emoção e outra, o Evê faz caridade. A prótese que pediu há segundos já foi atendida. A televisão está enchendo a igreja de gente feliz. As perguntas também estão chegando de todo o Brasil.
Evê nem parece que está na guerra: "Esse já é um especial de Natal. Está chegando pergunta de todo o país"; "Olha aqui: é a melhor opção de sábado à noite". Evê fala da emoção de estar na cidade onde nasceu. Que noite feliz!
Olha o Ronaldo Esper mostrando, outra vez, a cara dele. Fala de uma guerra de noivas e logo depois anuncia que a equipe do Mário Covas está vendo o programa no hospital. A guerra acabou. Vitória!



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