São Paulo, segunda, 19 de janeiro de 1998.



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TELEVISÃO
Futebol americano é paixão nacional e vale ouro

ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha, em Austin

No próximo domingo acontece o Super Bowl, a final do mais importante campeonato de futebol americano. Este ano o Super Bowl ainda vai ao ar pela NBC, a emissora que acaba de ficar de fora dos contratos milionários pelos direitos de transmissão desse esporte nas próximas oito temporadas.
Prestes a perder "Seinfeld" em maio, quando a produção da comédia de costumes será suspensa, e se preparando para pagar US$ 13 milhões por episódio do seriado "Plantão Médico", o programa de maior audiência da TV americana, a rede, que desde os anos 80 ocupa o primeiro lugar nas pesquisas de audiência, pode começar a ver sua liderança abalada.
A concorrência que rege o mercado americano de televisão é acirrada. Emissoras ganham e perdem. A liderança está sempre ameaçada. A competição é tal que, às vezes, atinge tons dramáticos e extrapola os limites da negociação razoável.
Para as emissoras de televisão, o futebol é tão fundamental que dispensa qualquer relação entre o que custa e o que vale. São poucos jogos muito decisivos e valiosos.
As negociações da Liga Nacional de Futebol (NFL) com as emissoras, concluídas na última terça-feira, resultaram em um contrato que totaliza US$ 17,6 bilhões para o período de 1998 a 2005, divididos em quatro pacotes diferentes entre a ESPN, a ABC, a Fox e a CBS.
A NFL recebeu US$ 4,38 bilhões pelos mesmos quatro pacotes nos últimos quatro anos.
Os valores dos novos contratos repercutiram mal, não só porque seus números em si são astronômicos, mas porque representam um acréscimo hiperbólico em relação aos contratos anteriores.
Segundo o "The New York Times", a ESPN, por exemplo, vai estar pagando a cada ano 135% a mais do que vinha pagando junto com a TNT nos termos do contrato anterior.
Enquanto anunciantes, consumidores e comentaristas temem um repasse dos valores negociados para o preço dos ingressos, comerciais, cerveja e pizza, as emissoras envolvidas defendem os contratos obtidos para garantir o que consideram um ingrediente de audiência masculina garantida, coisa rara em tempos de Internet e TV a cabo.
Presas a contratos extravagantes, as emissoras dificilmente obterão algum lucro com a transmissão dos jogos. Os times que compõem a liga e os jogadores são os principais beneficiários da inflação exponencial que arrebatou os preços do futebol televisionado. Felizes ganhadores de uma dança fantástica de valores e medidas.


E-mail: ehamb@uol.com.br



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