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TELEVISÃO
Futebol americano é paixão nacional e vale ouro
ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha, em Austin
No próximo domingo acontece o
Super Bowl, a final do mais importante campeonato de futebol americano. Este ano o Super Bowl ainda vai ao ar pela NBC, a emissora
que acaba de ficar de fora dos contratos milionários pelos direitos de
transmissão desse esporte nas próximas oito temporadas.
Prestes a perder "Seinfeld" em
maio, quando a produção da comédia de costumes será suspensa,
e se preparando para pagar US$ 13
milhões por episódio do seriado
"Plantão Médico", o programa de
maior audiência da TV americana,
a rede, que desde os anos 80 ocupa
o primeiro lugar nas pesquisas de
audiência, pode começar a ver sua
liderança abalada.
A concorrência que rege o mercado americano de televisão é acirrada. Emissoras ganham e perdem. A liderança está sempre
ameaçada. A competição é tal que,
às vezes, atinge tons dramáticos e
extrapola os limites da negociação
razoável.
Para as emissoras de televisão, o
futebol é tão fundamental que dispensa qualquer relação entre o que
custa e o que vale. São poucos jogos muito decisivos e valiosos.
As negociações da Liga Nacional
de Futebol (NFL) com as emissoras, concluídas na última terça-feira, resultaram em um contrato que
totaliza US$ 17,6 bilhões para o período de 1998 a 2005, divididos em
quatro pacotes diferentes entre a
ESPN, a ABC, a Fox e a CBS.
A NFL recebeu US$ 4,38 bilhões
pelos mesmos quatro pacotes nos
últimos quatro anos.
Os valores dos novos contratos
repercutiram mal, não só porque
seus números em si são astronômicos, mas porque representam
um acréscimo hiperbólico em relação aos contratos anteriores.
Segundo o "The New York Times", a ESPN, por exemplo, vai
estar pagando a cada ano 135% a
mais do que vinha pagando junto
com a TNT nos termos do contrato
anterior.
Enquanto anunciantes, consumidores e comentaristas temem
um repasse dos valores negociados
para o preço dos ingressos, comerciais, cerveja e pizza, as emissoras
envolvidas defendem os contratos
obtidos para garantir o que consideram um ingrediente de audiência masculina garantida, coisa rara
em tempos de Internet e TV a cabo.
Presas a contratos extravagantes,
as emissoras dificilmente obterão
algum lucro com a transmissão
dos jogos. Os times que compõem
a liga e os jogadores são os principais beneficiários da inflação exponencial que arrebatou os preços
do futebol televisionado. Felizes
ganhadores de uma dança fantástica de valores e medidas.
E-mail: ehamb@uol.com.br
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