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Gênero
perdeu
quatro
grandes
nomes
recente
mente,
mas uma
nova
geração se
firma
Vida e morte do Blues
SÉRGIO TEIXEIRA JR.
da Reportagem Local
O ano de 1997 e o início de 1998
foram dos mais "blues" da história do blues. Quatro nomes de peso morreram, um deles na semana
passada -mas, se existe um
"equilíbrio natural das coisas",
jovens talentos também dão seus
primeiros passos.
Desapareceu mais uma parte da
geração que deixou o sul dos EUA
em direção ao norte a partir dos
anos 40 e mudou os rumos do que
hoje se chama música popular.
Da grande imprensa, tanto aqui
como lá, essas notícias passaram
longe. Só topando com elas na Internet ou nas revistas especializadas (caras e difíceis de encontrar).
Dos nomes históricos, sobram
cada vez menos.
Velhos, alguns praticamente não
podem mais tocar, como Pinetop
Perkins e John Lee Hooker. Poucos têm a vitalidade de B.B. King,
72, que desafia idade e problemas
de saúde e dá a impressão de que
vai estar em turnê mundial até o
final da vida.
Os guitarristas Luther Allison e
Johnny Copeland e o cantor
Jimmy Witherspoon não resistiram -morreram no ano passado.
O gaitista Junior Wells, que havia
sofrido um ataque cardíaco no
mês de setembro e chegou a ficar
em estado de coma, morreu na última semana.
Por coincidência, as duas últimas gravações de Allison e Copeland estão no mesmo disco,
"Paint it Blue" (gravadora House
of Blues), uma coletânea de clássicos dos Stones regravados por
"bluesmen". São as melhores faixas do CD, que também tem "Satisfaction" com Junior Wells.
Mas no ano passado três novos
astros também garantiram seus lugares entre os "titulares": Kenny
Wayne Shepherd, Jonny Lang e
Monster Mike Welch, todos guitarristas.
Embora não tenham a história
sofrida dos "bluesmen" originais
-infância pobre no sul, trabalho
nas plantações de algodão, largar
tudo para tentar a sorte como músico em Chicago etc.-, também
não podem ser considerados apenas "três rostinhos bonitos".
Saúde frágil
A primeira morte foi a de Copeland, em 3 de julho, por causa de
complicações cardíacas. Seus problemas de coração não eram novos. Desde 1995, ele já havia sido
operado oito vezes.
No primeiro dia de 1997, foi submetido a um transplante de coração, após anos de espera por um
doador e mais de 20 meses vivendo
com o auxílio de um aparelho implantado no abdome para ajudar o
coração a funcionar.
Uma semana depois, em 10 de
julho, foram diagnosticados os tumores intratáveis no pulmão e no
cérebro de Luther Allison, 57, horas após um show. Era tarde demais. Um mês e dois dias depois,
ele morreu, internado.
Em 18 de setembro, Jimmy Witherspoon foi encontrado morto
por seu filho em sua casa, em Los
Angeles. Morreu aos 74, enquanto
dormia, de causas naturais.
Junior Wells, que tinha passagem pelo Brasil prevista para o começo de 97, não resistiu ao câncer
nos gânglios linfáticos de que sofria. Morreu na noite de quinta-feira passada, aos 63 anos.
Keri Leigh, colunista da revista
"Blues Revue", escreveu que não
se lembra de um ano de tantas perdas. Lembra de 1992, quando morreram Willie Dixon, Johnny Shines e Albert King.
Junto com alguns de seus "personagens", foi-se também Robert
Palmer, ex-jornalista da "Rolling
Stone" e do "The New York Times" e autor de "Deep Blues",
considerado o melhor livro sobre a
história desse gênero de música.
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