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Sundance 2000 tenta recuperar fôlego criativo
Divulgação
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Cena do mexicano "Santitos", que concorreu em 99 |
Maior festival do cinema independente dos EUA começa amanhã e vai até dia 30 com mais de 1.600 longas inscritos, número recorde
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AMIR LABAKI
da Equipe de Articulistas
"What's Cooking?" (O Que Está
Sendo Cozinhado?), de Gurinder
Chadra, garante o tempero multiétnico à sessão de abertura,
amanhã, do Sundance Film Festival 2000.
A meca do cinema independente norte-americano tenta provar
que foi circunstancial a perda de
fôlego criativo nas safras finais
dos anos 90. Terá até o próximo
dia 30 para fazê-lo.
Não que se possa falar de crise
no festival. O Sundance conheceu
a mais meteórica das ascensões
no circuito internacional das
mostras de filmes.
Desenvolveu-se a partir de um
evento regional, o Utah/US Film
Festival, surgido em 1978. A partir
de 1985, o festival passava a ser
coordenado pela turma reunida
por Robert Redford em seu Sundance Institute, formado visando
o apoio à jovem produção extra-hollywoodiana.
Quatro anos depois, o vencedor
do prêmio do público, "Sexo,
Mentiras e Videoteipe", consagrava o estreante Steven Soderbergh também com a Palma de
Ouro de Cannes.
Da noite para o dia, o Sundance
tornava-se compromisso anual
obrigatório. Começava a corrida à
Park City coberta de neve em janeiro -e os Estados Unidos ganhavam finalmente seu grande
festival.
Poucas surpresas
Desde então, distribuidores,
produtores e jornalistas acotovelam-se na cidade em troca da regalia de descobrir os novos Jarmuschs, Tarantinos e irmãos
Coen.
Não tem sido fácil. O coeficiente
de surpresas reduziu-se diante da
rápida absorção pela indústria da
franja independente. Praticamente todo grande estúdio americano
adquiriu ou abriu sua própria
produtora "alternativa" -a Miramax dos estúdios Disney é o caso clássico.
A produção cresceu, mas não
necessariamente aprimorou-se.
No ano passado, a safra dos longas de ficção esteve pouco acima
do medíocre, abrindo espaço para a descoberta de uma vibrante
produção de documentários.
Neste ano, as coisas parecem melhorar.
Palavra de Rebecca Yeldham,
programadora-sênior do festival
e diretora associada dos programas internacionais do Sundance
Institute.
"Com mais de 1.600 longas inscritos, incluindo um recorde de
850 longas independentes americanos, nós nunca antes havíamos
examinado um universo de trabalhos tão amplo em quantidade,
conteúdo e qualidade", disse Yeldham à Folha.
"Tentando organizar um programa que refletisse o ecletismo
deste dinâmico universo da produção independente, reunimos
alguns dos mais diferentes, provocativos e tocantes filmes da história de nosso festival."
Esses títulos dividem-se em seis
programas principais: as mostras
competitivas de longas de ficção e
de documentários, os inéditos das
"Premières", o ciclo paralelo
"American Spectrum", a produção indigenista de "Native America" (América Nativa), destaques
internacionais em "World Cinema" (Cinema Mundial) e títulos
experimentais em "Frontier"
(Fronteira).
Atrações
As maiores atrações deste ano
concentram-se nas "Premières".
Christian Bale ("Velvet Goldmine") protagoniza "American
Psycho" na adaptação de Mary
Harron ("I Shot Andy Warhol")
para o best seller pós-yuppie de
Breat Easton Ellis. O eterno iniciante absoluto Julien Temple reconta a saga dos Sex Pistols em
"The Filth and the Fury".
Stanley Tucci ("A Grande Noitada") leva às telas um clássico
nova-iorquino, "Joe Gould's Secret" de Joseph Mitchell, sobre as
peripécias no submundo de Manhattan de um genial vagabundo
escritor, ou vice-versa.
Já os irmãos Emilio Estevez
("Tocaia") e Charlie Sheen ("Wall
Street") unem forças em "Rated
X" para contar a história tipicamente americana da ascensão de
outro par de irmãos tornados célebres pelo cinema: Artie e Jim
Mitchell, reis do cine pornô dos
anos 60 e 70, com títulos como
"Atrás da Porta Verde".
Por fim, o grande candidato a
cult em "American Spectrum" é
"Beat". Gary Walkow reconstitui
a trágica morte em 1951 de Joan
Burroughs, a mulher do autor de
"Almoço Nu".
Kiefer Sutherland faz William
Burroughs, cabendo a Courtney
Love o papel de Joan. Coragem à
moça não falta.
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