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Carisma é o de menos no Rock in Rio adolescente
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Só após as 22h de ontem, com
a entrada do grupo Five no
palco, o dia teen do Rock in Rio
recebeu uma injeção de carisma.
Embora sigam os parâmetros
da atual onda adolescente, os rapazes nem são tão teens assim e
sabem usar rock'n'roll ("Everybody Get Up") e pop-funk à Michael Jackson ("Slam Dunk the
Funk") a seu favor. Escorregam
no dietético nas baladas meladas e
nas coreografias pagodeiras.
Antes, o tempo esteve nublado,
apesar do sol e das quatro estações trazidas por Sandy e Júnior,
que atualizam, precoces saudosistas e ainda mais abregalhados, os
velhos e bons Carpenters.
Os anos 70 resplandeceram no
show, em "Fascinação" (ex-sucesso com Elis Regina), "Enrosca"
(idem com Guilherme Lamounier, alguém lembra?), o hit gringo "All by Myself" (Eric Carmen).
No palco entre 20h25 e 21h25, os
pequenos irmãos fincaram o
triunfo da técnica, da pirotécnica
e da substância nenhuma -a cara do pop-teen atual, mas também em alguma coisa parecidos a
Axl Rose de volta da tumba.
Tentando dialogar com as insistentes críticas ao "Pop in Rio",
Sandy e Júnior tentaram puxar
um coro que modificava o tema
do festival, transformando-o em
"ô ô ô ô, Pop in Rio". Não pegou, e
nem era verdade -ali, cantando
"Olha o Que o Amor Me Faz", era
o desenlace do Sertanejo in Rio.
O mundo em que Sandy reina
como princesinha -foi um sucesso o show, de fato- é povoado
de bailarinos e acrobatas fazendo
ameba, horrendos cenários suntuosos, figurinos cafonas.
Dizem que Sandy é boa cantora
("As Quatro Estações" serve de
álibi), como se o mundo já estivesse tão repleto de boas cantoras
medíocres (uma delas, Celine
Dion, é o modelo da garota)...
Bem, o que ela tem já é dela, mas
falta o resto: música. Só ao se livrar de tamanha e tão vazia parafernália a menina poderá abandonar o mundo das caricaturas. Ainda é cedo, para ela e para o mano.
Mais cedo ainda é para Aaron
Carter, 13, garotinho dum tempo
em que todos os fãs do Jackson Five ficaram loirinhos, como por
encanto. Entre funks aguados e
raps de massinha, seu show foi
um fiapo, uma brincadeira de
moenda do festival.
Moraes Moreira, a primeira
atração do dia do palco principal,
não pisou no palco principal do
festival. Seu trio elétrico percorreu em cerca de 50 minutos, a partir das 18h, a pista de asfalto que
contorna o gramado, tentando
promover um "atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu".
A máxima não valeu -o trio
elétrico é que tinha de seguir os cidadãos. Esperto, Moraes se livrava de equívocos como o da escalação de Carlinhos Brown, deixando o palco central a quem lhe era
ontem de direito, as crianças.
Em tal cenário, o pop na Tenda
Brasil até parecia música de gente
grande. O funkeiro Vinny quis
exibir uma nova face, cantando
em tempo de rock forte "Fuck the
Fashion", bradando "Ronaldinho, se eu fosse como tu botava a
mão no bolso e chutava o pé na
bola" e dedicando seu show a
"uma das melhores pessoas que a
gente conhece, Carlinhos
Brown". Rock às avessas.
Trocando em miúdos: um pouco de tudo, mas nada tanto assim.
O Rock in Rio pelo mundo de
amanhã segue cheio de saudades.
Five: ; Sandy e Júnior: ; Aaron Carter: ; Moraes Moreira: ;
Vinny:
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