|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cony vai ao mundo infanto-juvenil
KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Nos anos 70, sob o pseudônimo
de Altair Boaventura, Carlos Heitor Cony viajou pelo universo da
literatura infanto-juvenil com a
personagem Márcia, de 17 anos.
De volta ao mundo da ficção, a garota teve o perfil e o comportamento modificados para protagonizar a série "Carol e o Homem do
Terno Branco".
A convite da editora Salamandra, Cony recusou a proposta inicial de reavivar a saga da garota.
"Eu já estava muito distante desse
universo", conta o escritor e
membro do conselho editorial da
Folha, que só topou o desafio
após fechar parceria com a jornalista e amiga Anna Lee, 35.
O livro que inaugura a série, formada por seis volumes, é "O Mistério das Aranhas Verdes", que
conta as aventuras da adolescente
envolvida com um bando de sequestradores no Rio de Janeiro.
O próximo da série, "O Mistério
da Coroa Imperial", quase finalizado, tem estréia prevista para a
17ª Bienal Internacional do Livro
de São Paulo, que acontece de 25
de abril a 5 de maio deste ano.
Como disse o autor, a história
manteve o mesmo "chassi" da
época em que foi publicada pela
Ediouro, mas foi feito um trabalho de atualização de linguagem e
alteração de passagens, que ficaram por conta de Anna Lee.
"Comecei a observar garotas
nessa faixa de idade e tentamos
trazer os fatos do dia-a-dia delas
para o livro", conta Anna Lee.
Para quem não imaginava o autor dos célebres "Informação ao
Crucificado" (1961), "Pilatos"
(1973) e "Quase Memória" (1995)
envolto em peripécias infanto-juvenis, saiba que, além da série,
Cony também escreveu outros
cinco livros para esse público, entre eles "Uma História de Amor" e
"Luciana Saudade".
Cony conta que o defeito básico
da série antiga era exatamente a
linguagem. "Eu usava umas gírias
completamente superadas. Hoje,
não daria para publicar daquela
forma. Eu ainda tinha filhas adolescentes e estava em contato com
esse universo naquela época."
Entre muitas conversas, os dois
autores dizem que a experiência a
quatro mãos deu certo. Após Anna Lee realizar a adaptação da linguagem, eles sentavam para retirar ou acrescentar alguns trechos.
Na construção da trama, a relação da garota, que tem corpo de
mulher e atitudes precoces, com
um homem misterioso e sedutor
aguça o tom de mistério.
Em "O Mistério das Aranhas
Verdes", há apenas reles indícios
de um possível envolvimento entre sequestrada e sequestrador. E,
por enquanto, nem mesmo os autores sabem o rumo que essa relação pode tomar.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Crítica: Uma Capitu com videogame e computador Índice
|