São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2002

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Cony vai ao mundo infanto-juvenil

KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Nos anos 70, sob o pseudônimo de Altair Boaventura, Carlos Heitor Cony viajou pelo universo da literatura infanto-juvenil com a personagem Márcia, de 17 anos. De volta ao mundo da ficção, a garota teve o perfil e o comportamento modificados para protagonizar a série "Carol e o Homem do Terno Branco".
A convite da editora Salamandra, Cony recusou a proposta inicial de reavivar a saga da garota. "Eu já estava muito distante desse universo", conta o escritor e membro do conselho editorial da Folha, que só topou o desafio após fechar parceria com a jornalista e amiga Anna Lee, 35.
O livro que inaugura a série, formada por seis volumes, é "O Mistério das Aranhas Verdes", que conta as aventuras da adolescente envolvida com um bando de sequestradores no Rio de Janeiro.
O próximo da série, "O Mistério da Coroa Imperial", quase finalizado, tem estréia prevista para a 17ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que acontece de 25 de abril a 5 de maio deste ano.
Como disse o autor, a história manteve o mesmo "chassi" da época em que foi publicada pela Ediouro, mas foi feito um trabalho de atualização de linguagem e alteração de passagens, que ficaram por conta de Anna Lee.
"Comecei a observar garotas nessa faixa de idade e tentamos trazer os fatos do dia-a-dia delas para o livro", conta Anna Lee.
Para quem não imaginava o autor dos célebres "Informação ao Crucificado" (1961), "Pilatos" (1973) e "Quase Memória" (1995) envolto em peripécias infanto-juvenis, saiba que, além da série, Cony também escreveu outros cinco livros para esse público, entre eles "Uma História de Amor" e "Luciana Saudade".
Cony conta que o defeito básico da série antiga era exatamente a linguagem. "Eu usava umas gírias completamente superadas. Hoje, não daria para publicar daquela forma. Eu ainda tinha filhas adolescentes e estava em contato com esse universo naquela época."
Entre muitas conversas, os dois autores dizem que a experiência a quatro mãos deu certo. Após Anna Lee realizar a adaptação da linguagem, eles sentavam para retirar ou acrescentar alguns trechos.
Na construção da trama, a relação da garota, que tem corpo de mulher e atitudes precoces, com um homem misterioso e sedutor aguça o tom de mistério.
Em "O Mistério das Aranhas Verdes", há apenas reles indícios de um possível envolvimento entre sequestrada e sequestrador. E, por enquanto, nem mesmo os autores sabem o rumo que essa relação pode tomar.


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