São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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EM BUSCA DO OURO

Convidado a dirigir biografia do médium, Breno Silveira diz que não se sente "autorizado" a falar

Chico Xavier é novo desafio para cineasta

DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor do fenômeno de público "2 Filhos de Francisco" trata seu próximo projeto no cinema com cuidados de ritual místico.
"Acho que não tenho ainda coragem de dizer que vou fazer esse filme. Não me sinto autorizado nem por ele a falar sobre isso."
"Ele" é o médium Chico Xavier (1910-2002), cuja biografia escrita pelo jornalista Marcel Souto Maior será transposta para as telas. Silveira, 41, disse que teve "uma conversa muito interessante" com o autor.
Souto Maior acaba de lançar o terceiro volume em torno da trajetória do médium. "As Lições de Chico Xavier - Para Quem Acredita e Para Quem Quer Voltar a Acreditar" é editado pela Planeta, assim como os anteriores, "As Vidas de Chico Xavier" e "Por Trás do Véu de Ísis". A editora diz que Souto Maior é seu "best seller", com 250 mil cópias vendidas.
O projeto do filme sobre Chico Xavier pertence ao distribuidor Bruno Wainer, que convidou Silveira para a direção. Wainer é o nome por trás do novo selo Downtown Filmes.
Wainer também não quer comentar aspectos da produção por enquanto. Nesse caso, é cautela de executivo. "Deixa a gente assinar todos os contratos primeiro", diz.
Em sua antiga sociedade, a Lumière (desfeita no ano passado), o distribuidor cravou o sucesso nos cinemas de "Cidade de Deus" (2002), de Fernando Meirelles. Lançou também "Olga" (2004), de Jayme Monjardim, outro título que ultrapassou a barreira dos 3 milhões de espectadores e que o Brasil tentou emplacar no Oscar de filme estrangeiro, sem sucesso.
Silveira titubeia ao falar de Chico Xavier, porque reconhece sua pouca intimidade com o tema. "Não é um assunto que faça parte da minha vida, de novo."
A repetição que o diretor sublinha é em relação a "2 Filhos de Francisco". Quando foi convidado a dirigir o longa, por encomenda da distribuidora Columbia, Silveira tampouco conhecia o universo da música sertaneja.
Quando se envolveu com o projeto, o diretor visitou o Estado de Goiás, onde os músicos nasceram, conheceu toda a família da dupla e passou a ouvir CDs do gênero até no carro, para espanto (e desgosto) de seus amigos.
Silveira não era a primeira opção da Columbia para dirigir "2 Filhos de Francisco". Antes dele, Andrucha Waddington foi convidado, mas recusou, porque já estava envolvido com a produção de "Casa de Areia" (2005).
O longa de Silveira ainda não havia estreado quando ele ouviu de dona Helena, a mãe dos filhos de Francisco, a sentença: "Você estava destinado a dirigir este filme". Ele acreditou.
(SILVANA ARANTES)


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