São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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CINEMA

Steven Soderbergh fala sobre independentes

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Como acontece em suas tramas, o cinema norte-americano gosta de trabalhar com mocinhos e bandidos. E, da safra atual, o diretor Steven Soderbergh, 43, é um dos heróis mais festejados, como mostra a entrevista do "Enfoque Independente", em edição de final dos anos 90, no Film & Arts.
Ainda que a atração seja uma daquelas reprises cuja finalidade maior seja tapar buraco na programação, o programa mantém certa atualidade. Tudo porque "sexo, mentiras e videotape" (1989), filme com o qual Soderbergh estreou para o grande público, representou uma espécie de renascimento para o cinema independente norte-americano, que hoje é quase um gênero à parte, e não uma denominação referente só à forma de produção.
Numa versão reduzida e generalista dos EUA no cinema, costuma-se dizer que toda uma geração de promissores diretores independentes ficou meio sem rumo nos anos 70, quando George Lucas e seu "Star Wars" e Steven Spielberg e "Tubarão" inauguraram a era dos blockbusters. Os mais catastrofistas os culpá-los pelo fim de um ciclo que vinha-se desenhando brilhantemente.
Bobagem, claro, já que em termos comerciais a coisa não andava muito bem. Soderbergh pode ser visto como um tipo de salvador, já que anos mais tarde seu "sexo, mentiras" conseguiu aliar sucesso de bilheteria a reconhecimento no círculo dos cinemas de arte/indies. Ganhou um sem-número de prêmios, como a Palma de Ouro em Cannes.
Seguindo esse raciocínio, Soderbergh teria aberto a porteira para filmes na linha "gente esquisita vivendo numa América dos perdedores", recuperando certa tradição dos anos 70. Se há certo exagero na afirmação -da mesma geração, vêm Jim Jarmusch, os irmãos Coen, Spike Lee etc.-, o impulso na carreira de Soderbergh não deixa mentir: hoje, ele é diretor de ponta de Hollywood e trafega entre dois mundos.


Enfoque Independente
Quando: hoje, às 19h30, no Film & Arts



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