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CINEMA
Steven Soderbergh fala sobre independentes
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Como acontece em suas tramas,
o cinema norte-americano gosta
de trabalhar com mocinhos e
bandidos. E, da safra atual, o diretor Steven Soderbergh, 43, é um
dos heróis mais festejados, como
mostra a entrevista do "Enfoque
Independente", em edição de final dos anos 90, no Film & Arts.
Ainda que a atração seja uma
daquelas reprises cuja finalidade
maior seja tapar buraco na programação, o programa mantém
certa atualidade. Tudo porque
"sexo, mentiras e videotape"
(1989), filme com o qual Soderbergh estreou para o grande público, representou uma espécie de
renascimento para o cinema independente norte-americano,
que hoje é quase um gênero à parte, e não uma denominação referente só à forma de produção.
Numa versão reduzida e generalista dos EUA no cinema, costuma-se dizer que toda uma geração
de promissores diretores independentes ficou meio sem rumo
nos anos 70, quando George Lucas e seu "Star Wars" e Steven
Spielberg e "Tubarão" inauguraram a era dos blockbusters. Os
mais catastrofistas os culpá-los
pelo fim de um ciclo que vinha-se
desenhando brilhantemente.
Bobagem, claro, já que em termos comerciais a coisa não andava muito bem. Soderbergh pode
ser visto como um tipo de salvador, já que anos mais tarde seu
"sexo, mentiras" conseguiu aliar
sucesso de bilheteria a reconhecimento no círculo dos cinemas de
arte/indies. Ganhou um sem-número de prêmios, como a Palma
de Ouro em Cannes.
Seguindo esse raciocínio, Soderbergh teria aberto a porteira
para filmes na linha "gente esquisita vivendo numa América dos
perdedores", recuperando certa
tradição dos anos 70. Se há certo
exagero na afirmação -da mesma geração, vêm Jim Jarmusch,
os irmãos Coen, Spike Lee etc.-,
o impulso na carreira de Soderbergh não deixa mentir: hoje, ele é
diretor de ponta de Hollywood e
trafega entre dois mundos.
Enfoque Independente
Quando: hoje, às 19h30, no Film & Arts
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