São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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20ª SÃO PAULO FASHION WEEK

Prefeito José Serra chega atrasado ao evento, com terno cinza, para o desfile de Ricardo Almeida; preto se impôs nas passarelas

Desfiles começam em clima de campanha

PAULO SAMPAIO
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A 20a edição da São Paulo Fashion Week começou em clima de campanha presidencial. O prefeito José Serra, que não sabia o nome da marca da própria gravata (ele precisou ler na etiqueta: Façonable), sentou-se na primeira fila do desfile de Ricardo Almeida.
Serra só apareceu na sala 1 do Pavilhão da Bienal quando os modelos estavam em seu terceiro giro na passarela. "O prefeito pega o mesmo trânsito que a população da cidade", justificou. No desfile, os modelos masculinos vestiam ternos modernos, muito justos no corpo. Será que Serra usaria um deles no dia da posse de presidente da República? "Não é preciso uma ocasião especial para vesti-los", desconversou o prefeito, que disse nunca ter usado ternos de Ricardo Almeida, mas gostou de um deles em especial. Qual? "Então, rapaz, não havia números para identificá-los, assim de cabeça eu não sei dizer."
Para Serra, "a vida pública limita muito o figurino do político". Ele, por exemplo, foi desaconselhado a vestir preto, porque passaria uma imagem meio esmaecida. Estava de cinza. De quem ouviu esses conselhos? "Ah, tem sempre um dando palpite", disse.
De saída do SPFW e livrando-se do enorme assédio, Serra retomou o fôlego político e disse: "Acho moda um lazer fantástico".

Preto total
Não foi o cinza -como o do terno de Serra- que se impôs no primeiro dia de desfiles da temporada outono-inverno 2006 da SPFW. Foi o preto, que compareceu em todos os desfiles. A cor foi destaque nas passarelas de Ricardo Almeida, Uma e Alexandre Herchcovitch e Patricia Viera, tanto como elemento de combinações mais complexas quanto em looks totais.
A estilista carioca Patricia Viera, estreante na SPFW, mostrou várias vertentes do trabalho que desenvolve com couro. Saias, camisas e vestidos ganharam uma improvável leveza. O cuidado artesanal ficou evidenciado nas pétalas e escaminhas de couro, que formavam estampas e foram costuradas manualmente, uma a uma.
Inspirado em motivos da Renascença, Alexandre Herchcovitch decorou sua passarela com estandartes e apresentou uma coleção que resgatou vários aspectos de seus trabalhos anteriores. Os vestidos vieram longos e fluidos. As jaquetas estruturadas e os casacos com botões e fivelas faziam contraponto à delicadeza dos vestidos.
Em clima de Copa do Mundo, a Rosa Chá convidou para seu desfile uma bateria de escola de samba e uma torcida organizada, vestida de verde-amarelo. Tops como Carol Trentini e Isabeli Fontana apresentaram muitas lingeries, peças em rosa cor-da-pele e rendas. A grife também apresentou uma linha inspirada em uniformes de futebol, que levou ao ápice o ufanismo do desfile: as roupas eram estampadas com as palavras "ordem e progresso".


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