São Paulo, terça-feira, 19 de janeiro de 2010

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Fumódromo vira "smoking lounge"

Área, na SPFW, parece uma versão paulistana dos lounges dos clubes de Ibiza, com deck, poltronas e DJ

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Quinta-feira, algumas horas antes do desfile da grife Neon, a estilista Rita Comparato diz que estará "fumando escondida atrás de um biombo" no backstage da marca. Fumante convicta, ela é uma das vítimas da lei antifumo que, pela primeira vez, atinge os frequentadores da SPFW, no prédio da Bienal, no parque do Ibirapuera.
Desesperados como Rita podem frequentar o "smoking lounge" que foi montado no evento. Sim, na SPFW, fumódromo chama "smoking lounge". E a área mais parece uma versão paulistana dos lounges dos clubes de Ibiza. Instalado ao ar livre, o espaço tem um deck, poltronas e DJ tocando música eletrônica.
De roupas modernas e entre sorrisos, como se estivessem prontos para um editorial fotográfico, os fumantes do "smoking lounge" não podem ser clicados. De acordo com a assessoria de imprensa da marca de cigarros que patrocina o espaço, é proibido fotografar no local. Motivo: "Queremos preservar a privacidade dos fumantes", diz o assessor de imprensa Raony Araujo. Como se o ato de fumar fosse, em si, ilegal.
Fumar ao ar livre (ainda) é permitido. Mas modelos, que antes desfilavam ostentando seus maços de cigarro como parte do uniforme de top, hoje preferem esconder o hábito "Eu fumo, mas não escreve isso, porque a minha mãe não pode saber", diz uma modelo de sucesso internacional. "Fumo, mas não falo sobre isso", diz outra, com igual sucesso. Apesar de não dar o nome e não falar sobre o assunto "por não querer passar essa imagem", a moça assume que começou a tragar porque "achava cool e todo mundo do meio fazia".
"Fumar agora é cafona", decreta o stylist Paulo Martinez, ele mesmo, fumante. "Já foi chique, mas, agora, olha a nossa situação, parecemos uns pobres", dizia, enquanto fumava correndo em uma das áreas adotadas como fumódromo informal no evento. "Olha quanta bituca no chão, olha que falta de glamour", dizia, aos risos, enquanto conversava com o dono da agência Way, Anderson Baumgartner.
"Fumo dois maços por dia, então, as modelos da agência, quando souberam da lei, me pediram para ficar menos tempo na Bienal para não ficar nervoso", conta Baumgartner, que detecta que o hábito, está, sim, saindo de moda. "Entre as modelos, diminuiu muito o número de fumantes."
O fotógrafo Rafael Barbosa, frequentador do "smoking lounge", concorda com os dois. "Fumar já foi glamouroso. Hoje, acho porco. Fumo porque sou viciado", assumiu.


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