São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2001 |
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CINEMA Há 22 anos à frente do Festival de Berlim, Moritz de Hadeln diz que tecnologia porá fim a eventos como esse Diretor despede-se pessimista com o futuro dos festivais
AMIR LABAKI BRASIL - Em 20 anos, nunca consegui ir. É impossível, nos dois
meses de seleção, visitar a China,
os EUA e a América Latina. Mas
estive lá em 1977, quando dirigia o
festival de Locarno. MEMÓRIA MAIS FORTE - É a da
saída da projeção de "Stammheim", de Reinhard Hauff, em
1986 (sobre os terroristas Baader e
Meinhoff). Deixando a sala, havia
um outro muro -este de plástico, formado pelos cacetetes e capacetes dos policiais. Do ponto de
vista político, me orgulho de 1990,
poucos meses após a queda do
Muro, mas ainda antes da reunificação formal, quando conseguimos que as autoridades da então
Alemanha Oriental aceitassem os
crachás do festival como documentos válidos para que espectadores fossem ver filmes também
em Berlim Oriental. CINEMA ALEMÃO - O filme da
abertura, "Enemy at the Gates"
(de Jean-Jacques Annaud), custou US$ 95 milhões. Todos os
efeitos foram realizados aqui na
Alemanha. Goste-se ou não, é um
cartão de visitas para o potencial
de produção do cinema alemão. DESTAQUES DO ANO - Fiquei
muito impressionado com o concorrente coreano, "Gong Dong
Kyung Bi Gu Yuk Jsa" (Zona de
Segurança), de Park Chan-wook.
É uma surpresa pela coragem política com que trata das tensões
entre a Coréia do Norte e a do Sul.
O documentário de Jan Harlan
sobre Stanley Kubrick tem muitas
cenas inéditas, tiradas de filmes
caseiros. Diverti-me muito também com a versão de John Boorman para "O Alfaiate do Panamá", de John Le Carré. DECEPÇÕES DO ANO - Foi uma
pena o problema com "The Pledge". Jack Nicholson está estupendo. Sean Penn o queria muito em
competição, mas diretores não
apitam em conflitos de produtores e distribuidores como o que
cancelou a vinda do filme. Eu
queria muito ter apresentado
também o novo filme que Werner
Herzog rodou em ilhas australianas, mas ele não ficou pronto. Foi
o caso também de "Moulin Rouge", de Baz Luhrmann. PROJETOS PESSOAIS - Transfiro-me para a empresa de consultoria em negócios cinematográficos, de co-produções a festivais, que estou montando com minha mulher, Erika (ex-diretora do festival de documentários de Nyon). Chama-se "De Hadeln & Partners". FUTURO DO FESTIVAL - Já antes
de minha substituição, eu afirmava: temo pelo futuro de festivais
como este ou mesmo Cannes. Em
cinco, dez anos, a tecnologia digital vai obrigar os estúdios a encurtar os prazos de lançamento e distribuição internacional de seus filmes. Não haverá como articular
datas com o período dos festivais. O jornalista Amir Labaki está em Berlim como membro do júri da crítica internacional Texto Anterior: Fashionista Próximo Texto: Filme do francês Patrice Chéreau vence em Berlim Índice |
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