São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA

Franceses dominam apostas

Berlim anuncia hoje filmes premiados

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Será entregue hoje o Urso de Ouro para o grande vencedor da 55ª edição do Festival de Cinema de Berlim. Apesar de o foco central ter sido a África, não há nenhum favorito que seja desse continente nos balanços realizados pelos jornais alemães. Com certo destaque, aparece apenas "Sometimes in April" (às vezes em abril), de Raoul Peck, sobre o genocídio em Ruanda ocorrido em 1994.
Quatro produções chegam à reta final com maiores chances, entre elas duas francesas: "Paradise Now" (paraíso agora), do diretor palestino Hany Abu-Assad, sobre a saga de dois homens-bomba; "Les Temps qui Changent" (tempos de mudança), do francês André Techiné, que tem Catherine Deneuve como protagonista e uma história que se passa em Tanger; "Le Promeneur du Champ de Mars" (o caminhante do Campo de Marte), de Robert Guédiguian, sobre os últimos dias do primeiro-ministro francês François Mitterrand (1916-1996); e, finalmente, "Sophie Scholl", uma produção sobre uma adolescente alemã cuja militância antinazista a levou à morte.
"Creio que o júri deva decidir pelo filme palestino, pois, além de suas qualidades, sempre há produções sobre o passado nazista alemão. Premiar um palestino seria uma forma irônica de falar sobre o outro lado", diz o jornalista italiano Marco Bruni, que há 15 anos cobre o evento.
Entretanto, com um júri presidido por um diretor afeito a Hollywood, como é Roland Emmerich ("Godzilla" e "O Dia depois de Amanhã"), os jornais alemães ressaltaram que pode haver surpresas entre os premiados -especialmente com filmes mais comerciais, como "The Life Aquatic with Steve Zissou" (a vida aquática com Steve Zissou), de Wes Anderson.
Não foi um festival de grandes surpresas. Alguns dos cineastas mais reconhecidos chegaram a Berlim com produções aquém do já realizaram, como é o caso de Régis Wargnier, autor de "Indochina", que abriu o festival com o péssimo "Man to Man" (de homem para homem). Mesmo o russo Alexander Sokúrov, que participou com "The Sun" (o sol), sobre o imperador Hiroito, esteve abaixo de seus outros filmes.
Corre por fora "The Wayward Cloud" (a nuvem instável), do malaio Tsai Ming-liang, que, com um filme original e radical sobre sexo, pode levar algum dos prêmios, seja de melhor filme, seja de direção. Outro que também tem chance é "Gespenter" (fantasmas), do alemão Christian Pertzold, sobre uma mãe que procura a filha desaparecida há 12 anos.
Entre os prêmios para atuação, caso o júri se decida por jovens, os destaques ficam para o francês Romain Duris, por "De Battre Mom Coer s'est Arrêté" (a batida que meu coração pulou), de Jacques Audiard, e a alemã Julia Jentsch, por "Sophie Scholl". Se preferir atores já prestigiados, têm grande chance dois franceses: Catherine Deneuve e Michel Bouquet, que atuou como Mitterrand em "Le Promeneur".
Neste ano, o Brasil, que já conquistou o Urso de Ouro por "Central do Brasil", de Walter Salles, não participou de mostra competitiva e tem apenas chance de levar um prêmio de público por "Redentor", de Claudio Torres, que abriu a seção Panorama.


O jornalista Fabio Cypriano viaja a convite da organização do festival


Texto Anterior: Rodapé: O oco do oco da poesia feminina
Próximo Texto: Celebridade: TV traz novas acusações contra MJ
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.