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CINEMA
Franceses dominam apostas
Berlim anuncia hoje filmes premiados
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
Será entregue hoje o Urso de
Ouro para o grande vencedor da
55ª edição do Festival de Cinema
de Berlim. Apesar de o foco central ter sido a África, não há nenhum favorito que seja desse continente nos balanços realizados
pelos jornais alemães. Com certo
destaque, aparece apenas "Sometimes in April" (às vezes em abril),
de Raoul Peck, sobre o genocídio
em Ruanda ocorrido em 1994.
Quatro produções chegam à reta final com maiores chances, entre elas duas francesas: "Paradise
Now" (paraíso agora), do diretor
palestino Hany Abu-Assad, sobre
a saga de dois homens-bomba;
"Les Temps qui Changent" (tempos de mudança), do francês André Techiné, que tem Catherine
Deneuve como protagonista e
uma história que se passa em
Tanger; "Le Promeneur du
Champ de Mars" (o caminhante
do Campo de Marte), de Robert
Guédiguian, sobre os últimos dias
do primeiro-ministro francês
François Mitterrand (1916-1996);
e, finalmente, "Sophie Scholl",
uma produção sobre uma adolescente alemã cuja militância antinazista a levou à morte.
"Creio que o júri deva decidir
pelo filme palestino, pois, além de
suas qualidades, sempre há produções sobre o passado nazista
alemão. Premiar um palestino seria uma forma irônica de falar sobre o outro lado", diz o jornalista
italiano Marco Bruni, que há 15
anos cobre o evento.
Entretanto, com um júri presidido por um diretor afeito a
Hollywood, como é Roland Emmerich ("Godzilla" e "O Dia depois de Amanhã"), os jornais alemães ressaltaram que pode haver
surpresas entre os premiados
-especialmente com filmes mais
comerciais, como "The Life
Aquatic with Steve Zissou" (a vida
aquática com Steve Zissou), de
Wes Anderson.
Não foi um festival de grandes
surpresas. Alguns dos cineastas
mais reconhecidos chegaram a
Berlim com produções aquém do
já realizaram, como é o caso de
Régis Wargnier, autor de "Indochina", que abriu o festival com o
péssimo "Man to Man" (de homem para homem). Mesmo o
russo Alexander Sokúrov, que
participou com "The Sun" (o sol),
sobre o imperador Hiroito, esteve
abaixo de seus outros filmes.
Corre por fora "The Wayward
Cloud" (a nuvem instável), do
malaio Tsai Ming-liang, que, com
um filme original e radical sobre
sexo, pode levar algum dos prêmios, seja de melhor filme, seja de
direção. Outro que também tem
chance é "Gespenter" (fantasmas), do alemão Christian Pertzold, sobre uma mãe que procura
a filha desaparecida há 12 anos.
Entre os prêmios para atuação,
caso o júri se decida por jovens, os
destaques ficam para o francês
Romain Duris, por "De Battre
Mom Coer s'est Arrêté" (a batida
que meu coração pulou), de Jacques Audiard, e a alemã Julia
Jentsch, por "Sophie Scholl". Se
preferir atores já prestigiados,
têm grande chance dois franceses:
Catherine Deneuve e Michel Bouquet, que atuou como Mitterrand
em "Le Promeneur".
Neste ano, o Brasil, que já conquistou o Urso de Ouro por "Central do Brasil", de Walter Salles,
não participou de mostra competitiva e tem apenas chance de levar um prêmio de público por
"Redentor", de Claudio Torres,
que abriu a seção Panorama.
O jornalista Fabio Cypriano viaja a convite da organização do festival
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