Grupo toca a partir de hoje no Auditório Ibirapuera

MARCOS GRINSPUM FERRAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Havia um mito de que os jovens não ouviam tango. Uma ideia de que ele é para pessoas mais velhas, de que é preciso saber sofrer para desfrutá-lo." A frase é do violinista Guillermo Rubino, da orquestra de tango El Arranque, que se apresenta de hoje até domingo no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Mas ele continua: "São todos mitos, e alguns caem".
Segundo ele, é isso o que comprova a renovada cena do tango argentino. "Nos últimos anos surgiram grandes compositores e instrumentistas, que estão mudando o panorama sem desrespeitar o antigo."
A situação parece bem distante da lamentada por Astor Piazzolla nos anos 80, quando disse que teve os "problemas mais tremendos" de sua vida por tentar mudar o tango. "Na Argentina pode-se mudar tudo, menos o tango", ironizava.
O El Arranque surgiu na década seguinte, em 1996, reunindo jovens de pouco mais de 20 anos. O nome era simbólico da intenção do grupo. "Um projeto novo. Para "dar arranque" de forma original", diz Rubino.
Mas quem for ao Ibirapuera deve saber que a inovação do El Arranque segue linha bem diferente da proposta por grupos como o Bajofondo, que misturam tango e música eletrônica. Longe disso, o formato utilizado por eles remete às orquestras dos anos 50, quando eram comuns sextetos (dupla de bandoneons e violinos, baixo e piano). A essa formação acrescentaram a guitarra elétrica.
"O contexto muda e a música também", diz Rubino. "Mas mesmo que seja válido, não penso que a evolução do tango passe pela música eletrônica".