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DICAS DO ED
Barberas de cair o queixo
ED MOTTA
especial para a Folha
Se você também ama ossobuco,
rabada, carnes com molhos impenetráveis e com sotaque italiano...
Uma garrafa de Barbera aberta em
cima da mesa uma hora antes da
polenta ficar pronta é um ato de felicidade gastronômica!
Quando digo Barbera penso
principalmente no movimento
que surgiu paralelamente aos "supertoscanos" no início dos anos
80, os Barberas moderninhos envelhecidos em carvalho novo na
sua região de plenitude, o Piemonte, norte da Itália.
O desbravador desse movimento
foi Giacomo Bologna e sua tradução da uva -o Bricco Dell'Uccellone, que em diversas degustações
fez bonito diante dos grandes vinhos da Europa.
Provei o de 94, que, apesar de não
ter sido uma safra excepcional, estava um absurdo, com aromas de
goiaba, palha, marmelo e boca longa.
Um fator nobre é que Giacomo
esnoba a denominação DOC, intitulando sua jóia de Vino da Tavola.
Em seguida, outro nome vital em
Barberas é Luigi Coppo e o canhão
Pomorosso. No ano passado tive o
prazer de participar de uma degustação com a presença de um dos
Coppo, na qual um dos destaques
foi o aromático 95, que trazia
ameixas, figos e uma boca não
muito tânica, apesar da idade.
Outro produtor de destaque é o
Vietti, que, fora produzir ótimos
Barolos, faz o sublime Scarrone. O
que me impulsionou a escrever sobre Barbera foi esse vinho -degustei o de 95 e estava com uma
concentração de aromas e sabores
que felizmente não custa o que geralmente um vinho dessa qualidade custaria no mercado.
Detalhe importante: as garrafas
de Vietti são obras de arte, e a do
Scarrone tem a mesma atmosfera
da capa do disco "Katy Lied", do
grupo de pop jazz Steely Dan.
Cool!
Um produtor de Barbera incensado tanto pelo Veronelli como pelo Gambero Rosso é Franco Martinetti e seus Barberas Montruc e Sul
Bric. O primeiro é um Barbera
D'Asti produzido com as técnicas
modernas, e o de 95 veio com uma
boca "picante" ligeiramente tânica, mas amiga dos guisados ricos.
No nariz, passas secas e ameixas
com uma nota de fungui seco.
O Sul Bric de 95 (50% Barbera,
50% Cabernet Sauvignon) ganhou
as concorridas "tre bicchieri" do
guia Gambero Rosso do ano passado. Um vinho que está delicioso
agora, mas quem tiver paciência
(que não é o meu caso) terá um gigante na adega. Tabaco, alcaçuz,
amoras e cassis formam o aroma
profundo desse vinho, que vai adorar se for aberto uma hora antes.
O único vinho que provei da safra 96, vista pelos guias como superior, foi o Mariagioana de Giacosa
Fratelli, um nome também importante na nova escola de Barberas.
Estava mais sutil e delicado e com
uma fruta mais doce, uma tonalidade rubi tão intensa e luminosa
que parece ter uma lâmpada dentro, aroma caramelado de framboesas e boca longa, equilibrada,
fazendo boa escolta para pratos de
ave.
Os Barberas ficam melhores se
apreciados nas taças de modelo
Borgonha, de preferência as da boquinha torta.
Onde encontrar: Bricco Dell'Uccellone 94
Giacomo Bologna (Vinitaly, tel. 021/502-5810);
Pomorosso 95 Coppo e Scarrone
Vigna Vechia 95 Vietti (Mistral, tel. 011/283-0006);
Montruc e Sul Bric 95 Franco
Martinetti (Vinodivino, tel. 011/829-0338);
Mariagioana 96 Giacosa Fratelli (Cellar, tel.
011/531-2419)
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