São Paulo, sábado, 19 de março de 2005

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Um dos nomes centrais da nova literatura do país, Luiz Ruffato volta à prosa com "saga" infernal

Na boca do INFERNO

João Wainer/Folha Imagem
O escritor Luiz Ruffato durante entrevista em seu apartamento, no bairro de Perdizes (SP)


CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Vê o azul da foto acima? Tudo mentira. "Truque" do fotógrafo. Luiz Ruffato, 43, está diante de uma parede branca. E o azul, a cor do "tudo bem", do "tudo azul", é tudo o que o escritor mineiro, um dos principais nomes da literatura brasileira contemporânea, não nos apresenta na sua nova e aguardada fornada de prosa.
Não há nada azul em "Inferno Provisório", nome de uma "saga" a qual ele dá início com a publicação agora de dois "romances" (todas as aspas logo se explicarão).
Programada para ter mais três volumes, a série pretende pintar um mosaico da formação e evolução do proletariado brasileiro dos anos 50 para cá -sem o sociologismo que a frase dá a entender.
A idéia básica é, para emprestar uma boa frase já vestida em clichê, mostrar uma sociedade em que "tudo parece que é ainda construção e já é ruína" (Caetano); ou, se apropriando de outra sentença em situação semelhante, "o inferno são os outros" (Sartre).
A "saga", inaugurada com os livros "Mamma, Son Tanto Felice" e "O Mundo Inimigo", em verdade mostra que o inferno não é só o outro, mas o não reconhecimento do outro.
Primeiros títulos em prosa desde seu premiado "Eles Eram Muitos Cavalos" (ed. Boitempo), de quatro anos atrás, os dois volumes, agora com o selo Record, apresentam estrutura narrativa semelhante ao trabalho anterior.
São feitos de histórias breves, que se interligam de modo sutil, mesma sutileza que interliga os volumes da série. Os relatos não são contos nem romances "começo-meio-fim", falta de linearidade que também tira da série a roupa clássica de saga (e caem as aspas).
Em entrevista à Folha, Ruffato explica por que e promove um breve "city tour" pelo seu, pelo meu, pelo inferno provisório de todos nós.


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