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MÚSICA
Apresentação do cantor americano em São Paulo, anteontem, levou 18 mil pessoas, segundo a PM, ao Pacaembu
Chuva e ingresso caro afastam fãs de Kravitz
DIEGO ASSIS
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Pode ter sido a chuva, pode ter
sido o preço do ingresso ou pode
ser que o apelo de Lenny Kravitz
já não seja o de dez anos atrás. O
show do cantor norte-americano,
anteontem, levou ao estádio do
Pacaembu, em São Paulo, bem
menos gente do que as 30 mil esperadas pela produção do evento.
Segundo os organizadores, 22
mil pessoas estiveram presentes
-número menor do que os 23
mil divulgados pouco antes do
início do show. Mas, para a Polícia
Militar, só 18 mil fãs se dispuseram a enfrentar a chuva que atingiu a cidade por volta das 20h30.
Das pessoas ouvidas pela Folha
dentro e fora do estádio, todas assistiram ao show com ingresso de
meia entrada (podia ser utilizada
por estudantes com carteirinha
ou por quem doasse dois quilos
de alimentos não-perecíveis).
Como o preço dos ingressos era
considerado alto (o mais barato
era o de arquibancada, R$ 120; o
gramado, R$ 160; a área VIP, de
R$ 600 a R$ 800), na prática,
quem não tinha carteira de estudante optou por doar alimentos.
Isso gerou alguns transtornos
na porta do Pacaembu, pois aqueles que levavam alimentos deveriam trocá-los numa barraca de
arrecadação, para ter o ingresso
carimbado. O problema é que, na
frente do estádio, havia apenas
uma dessas barracas.
A partir das 20h, a fila para a troca dos alimentos era enorme. Demorava-se, em média, meia hora.
Joel Aquino, coordenador da captação dos alimentos (Banco de
Alimentos de São Paulo, ligado ao
Fome Zero), disse que a estimativa de arrecadação foi entre 30 e 40
toneladas. "Não abrimos exceção:
para aqueles que não trouxeram
os alimentos, pedimos que comprassem num supermercado."
O show estava previsto para começar às 21h (teve início às
21h30). Às 20h30, com o início da
chuva, a demora na fila aumentou
ainda mais. As amigas Cíntia Cardoso e Ana Paula Junqueira, ambas de 17 anos, entraram no estádio chorando, com Kravitz cantando já a terceira música -"Let
Love Rule"-, após esperar meia
hora para a troca dos alimentos.
Elas haviam desembolsado R$
300 cada uma por um lugar em
frente ao palco, na área VIP.
Os primeiros fãs a chegar ao estádio foram as amigas Caroline de
Mattos, 19, Rosemeire Lira, 20, e
Regiane Moura, 26, que "acamparam" em frente ao Pacaembu desde as 4h. Como agüentaram tanto
tempo na fila? "A gente fica conversando e nem percebe. Qualquer coisa vale a pena para ver esse show", justifica Caroline.
Os médicos Andréia Mitsugui,
27, e Daniel Oliveira, 28, desembolsaram, como meia entrada, R$
300 cada um para um lugar na
área VIP. "Espero por este show
desde o primeiro álbum dele",
disse Andréia. "Se precisasse arrumar mais dinheiro, arrumava."
O público que foi assistir ao
show era heterogêneo. Adolescentes eram maioria, mas havia
muitos que já eram adolescentes
quando Kravitz lançou o primeiro álbum, "Let Love Rule", em
1989. "Ele não é preocupado com
padrões, tem um estilo de se vestir
todo particular", citava Simone
Mariane Gramado, 35.
Já o comerciante Vitor Alves, 21,
viajou de São Bento do Sul (SC)
com uma amiga após ganhar promoção de uma rádio. "Mandei
2.230 cartas. Eu tinha que vir."
Debbie, 49, e Allison Hammer,
16, de Michigan (EUA), moram
há dois anos em São Paulo. Foi a
primeira vez que viram um show
de Kravitz. Quem é a fã? "Ela",
disseram ao mesmo tempo,
apontando uma para a outra.
O show
Com um problema na voz,
Lenny Kravitz descartou duas das
19 canções que entram no set list
da turnê brasileira, iniciada terça-feira em Porto Alegre.
Diferentemente do ocorrido em
Santiago, no Chile, o público paulistano foi mais comportado, não
houve gritaria ou muita empolgação. Isso, em parte, devido a um
equívoco da ordem das canções.
Vestindo o habitual figurino
(camisa e calça pretos, colados ao
corpo, um lenço vermelho no
pescoço) um Kravitz de barba por
fazer iniciou o show com "Minister of Rock and Roll". Pouco depois, os hits "Let Love Rule" e "It
Ain't Over Till It's Over" despertaram a atenção do público. Mas o
meio do set, baseado em baladas e
canções de seu último álbum, o
fraco "Baptism", esfriou a temperatura. Apenas com "Fly Away",
após quase 1h30 de show, o público realmente se empolgou e cantou junto. No último bis -de um
total de três- Kravitz encerrou
com seu maior sucesso, "Are You
Gonna Go My Way".
O cantor se apresenta hoje, em
Brasília, e segunda, na praia de
Copacabana, no Rio.
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