Conrad lança "Vidas Breves", sétimo volume da série que reedita histórias escritas por Neil Gaiman

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tudo o que leva hoje o nome do escritor britânico Neil Gaiman na capa tem grandes chances de se tornar um sucesso de público. Não é à toa: ele chegou a este ponto após o trabalho que fez com a revista "Sandman", que foi publicada de 1988 a 1996 nos Estados Unidos. E nove destas histórias acabam de sair no Brasil em "Sandman Vidas Breves".
Não se trata de uma HQ inédita: todos os números de "Sandman" escritos por Gaiman já foram publicados por aqui. Esta edição é o sétimo livro de uma série que republica as histórias em dez volumes de capa dura e ótimo acabamento.
Quando a editora DC Comics deu a Gaiman a tarefa de reformular Sandman, este nome já havia sido usado por três super-heróis diferentes. Gaiman respeitou as histórias anteriores, aproveitou e citou os personagens criados antes do seu, mas deu um passo diferente e fez com que Sandman não fosse mais um super-herói, mas uma entidade mais antiga e poderosa que os deuses.

Família problemática
Sandman faz parte dos Perpétuos, criaturas que são a representação dos conceitos sobre os quais o Universo é formado: Destino, Morte, Sonho (outro nome de Sandman), Destruição, Desejo, Desespero e Delírio. Eles são irmãos e, como toda família, possuem problemas entre si.
Destruição deixou seus parentes há 300 anos. Sumiu e não há como encontrá-lo. "Vidas Breves" mostra a busca de Sandman e Delírio, a mais jovem e instável dos Perpétuos, pelo irmão desaparecido. Os nove capítulos da saga trazem uma oportunidade para conhecer mais sobre os misteriosos Perpétuos, muito citados nas histórias de "Sandman", mas que aparecem pouco.
Em seus roteiros, além de sempre demonstrar seu vasto conhecimento de mitologias e lendas, Gaiman gosta de tratar de assuntos humanos. Em "Vidas Breves", ele fala de mudança e intransigência e aborda até onde uma pessoa pode ir se for inflexível e incapaz de rever suas posições.
Sandman, Delírio e os Perpétuos são mais do que deuses, criaturas fantásticas por definição, mas os seus atos e defeitos os tornam humanos e próximos do leitor.
Talvez as histórias de "Sandman" sejam mais facilmente reconhecíveis pela fantasia e imaginação que trazem, mas pode ser o fato de retratarem tão bem as dúvidas e os sentimentos humanos que explique o seu sucesso.