São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009

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Prêmio Shell de Teatro de SP pulveriza estatuetas

Nenhuma peça levou mais de um troféu; "A Alma Boa de Setsuan" tem melhor diretor

Isabel Teixeira, de "Rainha[(s)]", é apontada melhor atriz; dupla de "A Noite dos Palhaços Mudos" divide prêmio masculino

DA REPORTAGEM LOCAL

Dois palhaços mudos que agradeceram o reconhecimento por e-mail, o discurso inflamado de uma rainha contra o aumento da carga tributária sobre pequenos produtores culturais e a declaração de amor de um diretor a seus atores foram os destaques da 21ª cerimônia paulista de entrega do Prêmio Shell de Teatro, anteontem.
Domingos Montagner e Fernando Sampaio dividiram a estatueta de ator pelo trabalho preciso em "A Noite dos Palhaços Mudos". Ausentes, eles foram representados pelo diretor Alvaro Assad, que leu e-mail da dupla depois de brincar:
"Como diretor, vai ser ótimo entregar o prêmio a eles. O cheque [de R$ 8 mil], não sei".
Já Isabel Teixeira foi lembrada pela Mary Stuart de "Rainha[(s)] - Duas Atrizes em Busca de um Coração", ode ao jogo teatral que usa o clássico de Schiller como ponto de partida:
"Dedico esse prêmio aos parceiros de luta e resistência. Aumentaram o nosso imposto [uma lei federal do fim de 2008 "promoveu" as microempresas culturais de faixa tributária], mas a gente vai resistir, vai ficar ficar em cartaz!", disse ela.
Na categoria de diretor, o júri escolheu Marco Antônio Braz, de "A Alma Boa de Setsuan". Ele dedicou o prêmio ao elenco:
"Me sinto constrangido de estar aqui sem meus companheiros de viagem. Foram eles que me ensinaram".
A premiação começou com 1h40 de atraso devido ao temporal sobre São Paulo. Às 21h, uma hora após o início previsto, poucos haviam chegado ao local da cerimônia, na Estação São Paulo, em Pinheiros.

Prêmios para todos
A pulverização ditou o tom: nenhum espetáculo foi reconhecido mais de uma vez.
A dramaturgia de "Amor de Servidão" rendeu a Marília Toledo e Marçal Aquino o prêmio de autores. A peça adapta o romance "Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios", de Aquino. O cenário de "Arrufos", do Grupo XIX, o figurino de "O Santo Guerreiro e o Herói Desajustado", da Cia. São Jorge de Variedades, e a iluminação de "Aqueles Dois", da cia. Luna Lunera, também foram laureados.
Josimar Carneiro recebeu a estatueta de música por "Divina Elizeth", musical sobre Elizeth Cardoso. Na categoria especial, o júri saudou os dez anos do projeto "Prêt-à-Porter", do Centro de Pesquisa Teatral.
Ao anunciar os indicados dessa categoria, a apresentadora Beth Goulart cometeu uma gafe: confundiu-se com os números romanos do teleprompter e, em vez de Grupo XIX, leu Grupo XIV, sendo corrigida aos berros pela plateia.
O homenageado dessa edição foi o professor e editor de farta bibliografia sobre o teatro brasileiro, Jacó Guinsburg. Aos 87 anos, ele ainda orienta mestrandos na USP. (LUCAS NEVES)


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