São Paulo, sexta-feira, 19 de março de 2010

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Foi a filmagem mais difícil e histérica da minha vida, diz Akin

Diretor de "Soul Kitchen" conta que sofreu para fazer sua primeira comédia

FERNANDA EZABELLA
REPORTAGEM LOCAL

Completamente histérico. É assim que Fatih Akin, diretor alemão de família turca, resume seu estado durante as filmagens de sua primeira comédia, "Soul Kitchen", que estreia hoje nos cinemas brasileiros.
Ao contrário de seus filmes anteriores, os dramas "Do Outro Lado" (2007) e "Contra a Parede" (2004), vencedor do Urso de Ouro em Berlim, "Soul Kitchen" traz um tema bem mais leve e muitas cores: as desventuras de um dono de restaurante em Hamburgo, chamado Zinos, interpretado por seu amigo de longa data Adam Bousdoukos. Ele tem que lidar com a namorada que vai embora, agentes de saúde, um irmão que sai da prisão e um chef de ego inflado.
Mas, quem pensa que a tarefa como diretor foi também "mais leve", engana-se. "Foi de fato meu filme mais difícil, as filmagens mais histéricas da minha vida", conta Fatih, 36, por telefone à Folha. "Eu não confiava no roteiro, todo dia me perguntava: "o que eu estou fazendo aqui?", "a imprensa vai me detonar!" e coisas assim."
O diretor praticamente voltou à época de estudante para finalizar a história e conseguir achar o ritmo perfeito das comédias. Ele conta que resgatou livros antigos da faculdade sobre como narrar histórias clássicas, além de analisar filmes de gênero, comédias dos anos 50 e 60, as de humor judaico e obras de Billy Wilder.
"O grande desafio foi ser capaz de trabalhar com convenções. Meus outros filmes eram livres de convenções, mas não porque eu queria e sim porque eu não sabia usá-las", diz sobre seus longas anteriores, que abordavam temas como imigração, identidade e relações conflituosas. "No drama, eu nunca dominei nada como diretor. Sempre deixei as coisas acontecerem e pegava o que era possível. Era esse o tempo."
As histórias sobre o restaurante do filme vieram de Adam Bousdoukos, que assina o roteiro com o diretor. Protagonista do primeiro longa de Akin, Bousdoukos foi dono de um estabelecimento por dez anos.
"Eu era o cliente mais fiel", conta Akin. "Adam me contava todas as histórias, os problemas com impostos. No final, tem muito a ver com dirigir filmes. Os fregueses são a plateia, o chef é o diretor, o dono do restaurante é o produtor."

Documentário
Após a nova experiência, Akin quer continuar fazendo coisas diferentes, como um faroeste nos EUA ou mesmo um musical. Ele já dirigiu um documentário, "Atravessando a Ponte - O Som de Istambul" (2005), sobre a cena musical turca, e agora finaliza um segundo, "Garbage in the Garden of Eden", sobre a transformação de uma vila na Turquia em um grande depósito de lixo.


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