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ARTES PLÁSTICAS
Professor quer integrar o museu no cenário artístico da cidade e se diz favorável a grandes mostras
Teixeira Coelho assume direção do MAC
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
O professor universitário, romancista e ensaísta José Teixeira
Coelho Neto, 54, assume hoje na
USP, às 18h30, a direção do MAC
(Museu de Arte Contemporânea).
Substitui a professora Lisbeth Rebollo Gonçalves e deve cumprir
uma gestão de quatro anos.
Professor na graduação da USP
desde 1973, atualmente se ocupa
dos cursos de política cultural e cinema na ECA (Escola de Comunicações e Artes) da universidade.
Em entrevista anteontem à Folha, falou dos problemas que pode
encontrar no museu e como deverá enfrentá-los.
O novo diretor adiantou que,
por se tratar de uma instituição ligada à universidade, o MAC também deverá sofrer problemas de
recursos. Prevê um ano difícil pois
as verbas já estão sendo cortadas
em outros departamentos da universidade. Não precisou, porém, o
orçamento deste ano. "Prefiro assumir antes para ver a verba no
papel", disse.
Uma das prioridades do novo diretor é integrar o MAC de maneira
mais ativa no cenário das artes da
cidade. O fato de este ser um ano
de Bienal pode conturbar o início
do mandato. "Nossas relações
com a Bienal deveriam ser revistas. O MAC tende a sumir nos anos
do evento, já que tem cedido seu
espaço para a Bienal", disse. O
MAC possui duas sedes, uma no 3º
andar do Pavilhão da Bienal e outra no campus da USP.
Outro ponto com o qual Teixeira
Coelho terá de lidar se deve ao fato
de o MAC estar ligado à USP. "A
arte não tem os mesmos objetivos
da universidade e isso pode causar
atritos. A arte não tem o objetivo
de ser politicamente correta, por
exemplo. A função do museu é
criar um espaço para o desenvolvimento e fortalecimento de uma
arte contemporânea radical."
Teixeira Coelho, que publicou
no ano passado o livro "Dicionário de Política Cultural" (Iluminuras), em que discute a necessidade
de organização das estruturas culturais, pretende aplicar alguns dos
pontos do livro em sua gestão.
"Um dos problemas da cultura
no Brasil é a descontinuidade.
Quando muda uma gestão, tudo
muda na instituição. Eu não quero
cair nesse erro. Vou seguir a programação já organizada, mas sei
que há espaço para alterações.
Quero ser um diretor-curador."
Outro ponto importante de política cultural é o entendimento do
que seria uma "ação cultural" a ser
desenvolvida pelo museu.
"O trabalho educativo de uma
universidade tem objetivos precisos a se alcançar. A ação cultural,
não. Hoje a USP pode bancar um
programa de ação cultural mais livre e descompromissado de seus
objetivos e fazer com que o MAC
se torne um centro de cultura viva
e não um lugar de cultura patrimonialista. A obra de arte é para se
gastar e não para se conservar. Ela
tem que circular, que ser usada pelas pessoas", disse.
Também se disse favorável às
grandes mostras, não importando
se as obras expostas são as melhores ou as piores de um determinado artista. "Esse é um pensamento
do historiador de arte e não do espectador. O fato é que a arte deve
se tornar um ponto de atração. A
arte deveria ser sempre uma festa.
Um dia com a arte é um dia ganho
contra a barbárie."
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