São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2001 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA ERUDITA A maestrina Ligia Amadio conduz a orquestra hoje e sábado com o violoncelista Boris Pergamenschikow Mulher rege a Osesp pela primeira vez
IRINEU FRANCO PERPETUO FREE-LANCE PARA A FOLHA Pela primeira vez em sua nova estrutura, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo atua sob a regência de uma mulher. Tendo como solista convidado o violoncelista russo Boris Pergamenschikow, vencedor do Concurso Tchaikovski, de Moscou, em 1974, os concertos desta semana da Osesp serão dirigidos pela maestrina Ligia Amadio, 37. "Ser a primeira mulher a reger a Osesp não pesa mais do que reger outras orquestras importantes. O que pesa mesmo é voltar a reger em São Paulo, onde tenho muitos amigos", afirma Amadio. Se há um terreno da vida musical que ainda passa muito longe da igualdade entre os sexos é a regência. Faça um teste simples: entre em uma loja de discos e pergunte quantos CDs regidos por mulheres há para vender. Ligia Amadio constitui, portanto, uma exceção. Aluna de Henrique Gregori e Eleazar de Carvalho, ela foi a primeira mulher em 30 anos a vencer o Concurso Internacional de Tóquio. Embora seja paulistana da gema -estudou no tradicional colégio Dante Alighieri e formou-se em engenharia de produção na Escola Politécnica da USP-, Amadio é mais conhecida no Rio, onde ocupa, desde 1996, por eleição dos músicos, o cargo de regente titular da Orquestra Sinfônica Nacional. Com 40 anos de existência, a OSN é a única orquestra do governo federal. Trata-se de um dos grupos mais tradicionais do Brasil, mas que atravessa, atualmente, um quadro de dificuldades: faltam verba e sede adequada, e apenas 67 das 90 vagas de seu quadro estão preenchidas. Tendo regido em 2000 a apresentação da cantora "crossover" britânica Sarah Brightman, Amadio faz, desta vez, um programa bem mais sério, com obras raramente executadas em São Paulo. A apresentação começa com "Os Afrescos de Piero della Francesca", obra em três movimentos escrita em 1955 pelo compositor neoclássico tcheco Bohuslav Martinu (1890-1959), que toma como inspiração um painel do pintor pré-renascentista italiano. Em seguida, Pergamenschikow interpreta outro autor neoclássico, o alemão Paul Hindemith (1895-1963) -seu "Concerto para Violoncelo", de 1940, é na verdade a segunda obra do compositor no gênero. Por fim, entra em cena Tchaikovski, mas com uma de suas obras menos executadas no Brasil, a "Sinfonia Nš 2", na tonalidade de dó menor, conhecida como "Pequena Rússia". OSESP - Boris Pergamenschikow, violoncelo, e Ligia Amadio, regente. Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš, centro, tel. 0/xx/3337-5414). Quando: hoje, às 21h, e dia 21, às 16h30. Quanto: de R$ 10 a R$ 30. Texto Anterior: Rio de Janeiro: Doce Delícia é inaugurado em São Paulo Próximo Texto: Vídeo: Lançamento da "Cinemateca Sylvio Back" revê obra do diretor Índice |
|