São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 2002

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CINEMA/ESTRÉIA

"A MÁQUINA DO TEMPO"

Produção foi dirigida pelo bisneto do escritor inglês

Obra clássica de H.G. Wells ganha nova adaptação

TETÉ RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

Metade do interesse de "A Máquina do Tempo", que estréia hoje em São Paulo, vem do fato de o filme ter sido dirigido por Simon Wells, que é bisneto de H.G. Wells, o autor do clássico livro homônimo de 1895.
E, diferentemente de vários nomes no meio cultural, ele não se incomoda com o parentesco. Quando se refere ao antepassado, chama-o com um íntimo "agá gê". Como na frase "a diferença entre o filme e o livro é que H.G. não descreve nenhuma viagem para o passado, como nós fizemos", declarada à Folha na estréia de "Máquina" nos EUA.
"O livro é muito importante para mim, obviamente, mas, como minha experiência é com animação (é dele a direção de "O Príncipe do Egito'), nunca acreditei que ia enfrentar o desafio, apesar de a idéia viver secretamente nos meus planos", disse ele.
Além disso, a história já havia sido adaptada com competência para o cinema por George Pal, em 1960. "Acabou acontecendo, e foi maravilhoso. "Máquina" mistura duas coisas muito familiares para mim de maneiras diferentes, a animação e os escritos de meu bisavô", afirmou Wells.
A trama é basicamente a mesma. Na virada do século 19, um cientista (Guy Pearce) inventa uma máquina capaz de levá-lo ao passado (só no filme) e ao futuro (800 mil anos na nova versão; o original é bem mais modesto), quando a humanidade está dividida em duas raças, os pacíficos Eloi e os ameaçadores Morlocks.
Faz parte da primeira facção a personagem Mara (estréia da cantora afro-irlandesa Samantha Mumba no cinema) e seu filho Kalen (na verdade Omero Mumba, irmão caçula dela). "Pelo menos agora eu tenho algo em comum com a Madonna e a Jennifer Lopez", brincou ela. "Nós três fizemos papéis importantes e nenhuma de nós merecia."
Guy Pearce teve motivo diverso para aceitar o papel. "O filme original me marcou tanto quando era criança que foi irresistível querer atuar na nova versão", disse. Foi esse sentimento que fazia com que o anglo-australiano continuasse trabalhando nas filmagens, conforme afirmou.
"Toda vez que eu ficava cansado ou de mau humor, pensava: "Por que estou passando por tudo isso para fazer um filme de criança?'", contou Pearce. "Mas logo me concentrava para lembrar como tinha sido importante para mim assistir ao filme original e como tinha me feito sonhar."
Pearce atuou em outro filme de época, "O Conde de Monte Cristo", ainda inédito no Brasil, mas sabe que é conhecido do público pelo trabalho como a drag queen Felicia Jollygoodfellow, de "Priscilla, a Rainha do Deserto", de 1994. "Até hoje, é minha experiência de vida mais significativa."
A comédia está em sua lista dos três preferidos, que completa com "Amnésia/Memento" e "Los Angeles - Cidade Proibida". "Prefiro personagens que me levem a lugares desconhecidos, como com esses três."


A MÁQUINA DO TEMPO. The Time Machine. Direção: Simon Wells. Produção: EUA, 2002. Com: Guy Pearce, Samantha Mumba, Omero Mumba. Quando: a partir de hoje nos cines Anália Franco, Center Norte, Interlagos, Marabá e circuito.



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