São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Roberto é reverenciado em Nova York

Mesmo com microfonia, o Rei brilhou em noite que reuniu latinos e brasileiros no Radio City Music Hall

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

O som não estava perfeito, ninguém sabia cantar todas as letras, a banda viajou com capacidade reduzida e o Cadillac vermelho não apareceu. Mesmo assim, Roberto Carlos conseguiu reproduzir, fora de casa, o clima de culto religioso que repete há anos no Brasil.
Na sexta, os quatro andares do Radio City Music Hall, em Nova York, ficaram cheios de brasileiros e latinos eufóricos, com faixas e presentes para o Rei -a atual turnê americana comemora seu aniversário de 69 anos, completados hoje.
Bem-humorado, recebido por uma plateia de quase 6.000 pessoas aos berros, o cantor não pareceu irritado nem com a microfonia estridente entre a primeira ("Emoções") e a segunda músicas. "Esse não é o tom", brincou, antes de voltar ao velho script -"Cada vez que a gente se encontra, sempre sinto vontade de dizer "Como Vai Você?"".
Teria sido tudo sempre igual se aqui Roberto já não tivesse começado a misturar trechos em português e em espanhol em quase todas as canções -de "Detalhes" a "Amada Amante"- , para o delírio da torcida latina, que assumia o coro quando o lado brasileiro não conseguia acompanhar.
Foi a colaboração do público que ajudou a disfarçar os defeitos de som -além da "buzina" no início do show, o volume da voz de Roberto oscilou o tempo inteiro, denunciando que a equipe técnica trazida do Brasil talvez não tenha tido tempo suficiente para se instalar em território americano.
O silêncio reverencial só se estabeleceu quando o Rei avisou que se "atreveria" a cantar uma música em inglês. Chamado nos EUA de "Frank Sinatra latino", Roberto cantou baixinho "I'm in the Mood for Love", música que chegou a ser gravada pelo colega americano, e tirou Jurema, sua backing vocal, para dançar.
Na hora dos parabéns, foi Carminha, sua secretária "de mais de 30 anos", a homenageada com o primeiro pedaço de um bolo branco com detalhes em azul, cortado pelo Rei enquanto ouvia a melodia de "Parabéns pra Você".
Depois de provar o doce e bebericar um pouco de champanhe, enquanto os seguranças tentavam conter a aproximação dos fãs-fotógrafos do palco, "Jesus Cristo" anunciava o fim de mais um show de Roberto.
Agora, sim, argentinos, brasileiros e colombianos "rezavam" juntos, de pé, mesmo durante os mais de cinco minutos nos quais o cantor largou o microfone para distribuir as célebres rosas brancas e vermelhas à plateia mais próxima.
Quando a gigantesca cortina dourada e aveludada caiu sobre o palco para acabar com a festa latina em Nova York, o Radio City Music Hall parecia ter sido desde sempre a casa do Rei.


Texto Anterior: Visitantes tocam em corpos nus
Próximo Texto: Série mostra volta de moradores a New Orleans após furacão Katrina
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.