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Roberto é reverenciado em Nova York
Mesmo com microfonia, o Rei brilhou em noite que reuniu latinos e brasileiros no Radio City Music Hall
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
O som não estava perfeito,
ninguém sabia cantar todas as
letras, a banda viajou com capacidade reduzida e o Cadillac
vermelho não apareceu. Mesmo assim, Roberto Carlos conseguiu reproduzir, fora de casa,
o clima de culto religioso que
repete há anos no Brasil.
Na sexta, os quatro andares
do Radio City Music Hall, em
Nova York, ficaram cheios de
brasileiros e latinos eufóricos,
com faixas e presentes para o
Rei -a atual turnê americana
comemora seu aniversário de
69 anos, completados hoje.
Bem-humorado, recebido
por uma plateia de quase 6.000
pessoas aos berros, o cantor
não pareceu irritado nem com
a microfonia estridente entre a
primeira ("Emoções") e a segunda músicas. "Esse não é o
tom", brincou, antes de voltar
ao velho script -"Cada vez que
a gente se encontra, sempre
sinto vontade de dizer "Como
Vai Você?"".
Teria sido tudo sempre igual
se aqui Roberto já não tivesse
começado a misturar trechos
em português e em espanhol
em quase todas as canções -de
"Detalhes" a "Amada Amante"- , para o delírio da torcida
latina, que assumia o coro
quando o lado brasileiro não
conseguia acompanhar.
Foi a colaboração do público
que ajudou a disfarçar os defeitos de som -além da "buzina"
no início do show, o volume da
voz de Roberto oscilou o tempo
inteiro, denunciando que a
equipe técnica trazida do Brasil
talvez não tenha tido tempo suficiente para se instalar em território americano.
O silêncio reverencial só se
estabeleceu quando o Rei avisou que se "atreveria" a cantar
uma música em inglês. Chamado nos EUA de "Frank Sinatra
latino", Roberto cantou baixinho "I'm in the Mood for Love",
música que chegou a ser gravada pelo colega americano, e tirou Jurema, sua backing vocal,
para dançar.
Na hora dos parabéns, foi
Carminha, sua secretária "de
mais de 30 anos", a homenageada com o primeiro pedaço
de um bolo branco com detalhes em azul, cortado pelo Rei
enquanto ouvia a melodia de
"Parabéns pra Você".
Depois de provar o doce e bebericar um pouco de champanhe, enquanto os seguranças
tentavam conter a aproximação dos fãs-fotógrafos do palco,
"Jesus Cristo" anunciava o fim
de mais um show de Roberto.
Agora, sim, argentinos, brasileiros e colombianos "rezavam" juntos, de pé, mesmo durante os mais de cinco minutos
nos quais o cantor largou o microfone para distribuir as célebres rosas brancas e vermelhas
à plateia mais próxima.
Quando a gigantesca cortina
dourada e aveludada caiu sobre
o palco para acabar com a festa
latina em Nova York, o Radio
City Music Hall parecia ter sido
desde sempre a casa do Rei.
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