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CANNES
"Três Minutos", curta da diretora gaúcha, passa amanhã no festival e pode ser visto a partir de hoje em São Paulo
"Ser mulher até ajuda", diz Ana Azevedo
AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES
O curta gaúcho "Três Minutos",
dirigido por Ana Luiza Azevedo,
estréia hoje em São Paulo, às vésperas de concorrer à Palma de
Ouro do formato em Cannes.
O filme será exibido no início
das sessões do novo longa de Tata
Amaral, "Através da Janela", produção que também estréia hoje na
cidade (leia mais à pág. E9).
Azevedo é uma das sócias da renomada produtora gaúcha Casa
de Cinema. Tem mais de 15 anos
no ramo, como roteirista, produtora e assistente de direção. Ainda
assim, "Três Minutos" é apenas o
terceiro filme dirigido por ela.
Em sua estréia, dividiu a direção
do curta "Barbosa" (1988), com
Jorge Furtado. Em seguida, rodou
"Ventre Livre" (1994), documentário sobre os direitos da mulher
quanto à contracepção no Brasil.
"Três Minutos" chegou a Cannes depois de ter sido esnobado
no ano passado por eventos brasileiros como os festivais de Gramado e do Rio. Azevedo hoje ri por
último, sem mágoas.
Leia a seguir trechos da entrevista concedida por ela à Folha,
em Cannes.
Folha - Como nasceu "Três Minutos"?
Ana Luiza Azevedo - O roteiro já
existe há bastante tempo. Jorge
Furtado o escreveu como exercício de uma oficina e eu achei-o
muito bom. Quis filmá-lo e o inscrevemos em vários concursos.
Só em 1997 ele foi selecionado para um concurso estadual do Rio
Grande do Sul.
Folha - Quais os frutos já colhidos
com a seleção para Cannes?
Azevedo - A seleção de Cannes
dá uma visibilidade muito grande. "Três Minutos" ainda não foi
exibido (passa amanhã no festival) e mesmo assim já temos recebido algumas proposta de distribuição e compra do filme para o
exterior.
E antes mesmo de vir a Cannes
fui convidada para participar de
um evento da Cinemateca Americana, promovido para Universal
Studios, em Los Angeles. Cinco
curtas e cinco longas vão ser exibidos com a presença de seus realizadores para um debate.
Folha - Apesar de trabalhar com
cinema há mais de uma década, você só dirigiu três filmes. A condição
de mulher ainda atrapalha ou é
consequência da situação do cinema no Brasil?
Azevedo - A condição de mulher
certamente não atrapalha. Às vezes, até ajuda. "Ventre Livre" fazia
parte de um projeto desenvolvido
por um produtor americano, Daniel Rienselfeld, que queria realizar um filme no Brasil, outro na
Índia e um terceiro na Nigéria.
Todos deveriam falar sobre direitos reprodutivos e serem dirigidos por uma mulher. No Brasil,
fui a escolhida.
Acho que a dificuldade de fazer
filmes no Brasil é responsável por
eu realizar tão poucos filmes,
além de uma característica pessoal. Eu gosto muito de fazer cinema e me divirto muito fazendo filmes dos outros, que considero
meus também. Por exemplo, foi
muito bom fazer a produção do
"Tolerância", longa que Carlos
Gerbase está finalizando, e depois
coordenar o set de filmagem como assistente de direção. Agora
estamos trabalhando no projeto
de "O Homem Que Copiava".
Ainda acredito que cinema é um
trabalho de grupo.
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