São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2000


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CANNES
"Três Minutos", curta da diretora gaúcha, passa amanhã no festival e pode ser visto a partir de hoje em São Paulo
"Ser mulher até ajuda", diz Ana Azevedo

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

O curta gaúcho "Três Minutos", dirigido por Ana Luiza Azevedo, estréia hoje em São Paulo, às vésperas de concorrer à Palma de Ouro do formato em Cannes.
O filme será exibido no início das sessões do novo longa de Tata Amaral, "Através da Janela", produção que também estréia hoje na cidade (leia mais à pág. E9).
Azevedo é uma das sócias da renomada produtora gaúcha Casa de Cinema. Tem mais de 15 anos no ramo, como roteirista, produtora e assistente de direção. Ainda assim, "Três Minutos" é apenas o terceiro filme dirigido por ela.
Em sua estréia, dividiu a direção do curta "Barbosa" (1988), com Jorge Furtado. Em seguida, rodou "Ventre Livre" (1994), documentário sobre os direitos da mulher quanto à contracepção no Brasil.
"Três Minutos" chegou a Cannes depois de ter sido esnobado no ano passado por eventos brasileiros como os festivais de Gramado e do Rio. Azevedo hoje ri por último, sem mágoas.
Leia a seguir trechos da entrevista concedida por ela à Folha, em Cannes.

Folha - Como nasceu "Três Minutos"?
Ana Luiza Azevedo -
O roteiro já existe há bastante tempo. Jorge Furtado o escreveu como exercício de uma oficina e eu achei-o muito bom. Quis filmá-lo e o inscrevemos em vários concursos. Só em 1997 ele foi selecionado para um concurso estadual do Rio Grande do Sul.

Folha - Quais os frutos já colhidos com a seleção para Cannes?
Azevedo -
A seleção de Cannes dá uma visibilidade muito grande. "Três Minutos" ainda não foi exibido (passa amanhã no festival) e mesmo assim já temos recebido algumas proposta de distribuição e compra do filme para o exterior.
E antes mesmo de vir a Cannes fui convidada para participar de um evento da Cinemateca Americana, promovido para Universal Studios, em Los Angeles. Cinco curtas e cinco longas vão ser exibidos com a presença de seus realizadores para um debate.

Folha - Apesar de trabalhar com cinema há mais de uma década, você só dirigiu três filmes. A condição de mulher ainda atrapalha ou é consequência da situação do cinema no Brasil?
Azevedo -
A condição de mulher certamente não atrapalha. Às vezes, até ajuda. "Ventre Livre" fazia parte de um projeto desenvolvido por um produtor americano, Daniel Rienselfeld, que queria realizar um filme no Brasil, outro na Índia e um terceiro na Nigéria. Todos deveriam falar sobre direitos reprodutivos e serem dirigidos por uma mulher. No Brasil, fui a escolhida.
Acho que a dificuldade de fazer filmes no Brasil é responsável por eu realizar tão poucos filmes, além de uma característica pessoal. Eu gosto muito de fazer cinema e me divirto muito fazendo filmes dos outros, que considero meus também. Por exemplo, foi muito bom fazer a produção do "Tolerância", longa que Carlos Gerbase está finalizando, e depois coordenar o set de filmagem como assistente de direção. Agora estamos trabalhando no projeto de "O Homem Que Copiava". Ainda acredito que cinema é um trabalho de grupo.


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