São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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10ª BIENAL DO LIVRO

"No campo da política, nada mudou em Cuba"

Depois de 265 mil exemplares vendidos, "A Ilha", escrito por Fernando Morais, é relançado

ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO

Cuba mudou muito nos últimos 25 anos, porém continua a mesma quando o assunto é a restrição às liberdades políticas. Essa é uma das avaliações que Fernando Morais faz no relançamento de "A Ilha", livro que teve a primeira edição há 25 anos, transformando-se em um dos grandes momentos da reportagem brasileira.
Morais, no entanto, diz que é uma injustiça julgar Cuba apenas pelo aspecto político, citando números da área da saúde como exemplos das conquistas sociais do socialismo.
"Ninguém pode esquecer que, apesar de todas as dificuldades, a taxa de mortalidade infantil do país caiu de 27 mortes por mil habitantes, em 1976, para sete por mil, atualmente", diz ele, comparando com os números brasileiros, de 35 mortes por mil.
"A Ilha", com o relançamento, chega à 30ª edição, tendo atingido a marca de 265 mil exemplares vendidos, enquanto permaneceu em catálogo.
O relançamento acontece na 10ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, no Riocentro (zona oeste), onde o escritor recebe hoje o Prêmio Jabuti, na categoria não-ficção, por "Corações Sujos", publicado no ano passado.
Para o autor, a reportagem que realizou em Cuba durante dois meses, em 1975, ainda continua válida, mas deve ser lida como retrato de uma época específica.
A visão sobre as mudanças ocorridas desde então aparecem no prefácio e em um ensaio de fotos, que foram feitas por Rita Morais, 21, filha de Fernando. Estudante de arquitetura e fotografia, ela fez um estágio com Sebastião Salgado, que lhe sugeriu o trabalho em Cuba.
Entre as mudanças que o autor vê no cenário cubano, está a abertura para o capital estrangeiro, que atua em parcerias com o Estado. Outro fator é o crescimento do turismo, que superou a agroindústria do açúcar no primeiro lugar das atividades econômicas.
Essas transformações ocorreram como decorrência do colapso, em 1991, da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), com a qual Cuba realizava quase a totalidade de suas relações comerciais.
Acreditando que poderiam acelerar a queda do socialismo também entre os cubanos, os EUA editaram leis para tornar ainda mais restritivo o bloqueio ao país.


A ILHA. De: Fernando Morais. Editora: Companhia das Letras (tel. 0/xx/11/ 3846-0801). 30ª edição. 232 páginas. R$ 23,50.



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