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10ª BIENAL DO LIVRO
"No campo da política, nada mudou em Cuba"
Depois de 265 mil exemplares vendidos, "A Ilha", escrito por Fernando Morais,
é relançado
ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO
Cuba mudou muito nos últimos
25 anos, porém continua a mesma quando o assunto é a restrição
às liberdades políticas. Essa é uma
das avaliações que Fernando Morais faz no relançamento de "A
Ilha", livro que teve a primeira
edição há 25 anos, transformando-se em um dos grandes momentos da reportagem brasileira.
Morais, no entanto, diz que é
uma injustiça julgar Cuba apenas
pelo aspecto político, citando números da área da saúde como
exemplos das conquistas sociais
do socialismo.
"Ninguém pode esquecer que,
apesar de todas as dificuldades, a
taxa de mortalidade infantil do
país caiu de 27 mortes por mil habitantes, em 1976, para sete por
mil, atualmente", diz ele, comparando com os números brasileiros, de 35 mortes por mil.
"A Ilha", com o relançamento,
chega à 30ª edição, tendo atingido
a marca de 265 mil exemplares
vendidos, enquanto permaneceu
em catálogo.
O relançamento acontece na 10ª
Bienal Internacional do Livro do
Rio de Janeiro, no Riocentro (zona oeste), onde o escritor recebe
hoje o Prêmio Jabuti, na categoria
não-ficção, por "Corações Sujos",
publicado no ano passado.
Para o autor, a reportagem que
realizou em Cuba durante dois
meses, em 1975, ainda continua
válida, mas deve ser lida como retrato de uma época específica.
A visão sobre as mudanças
ocorridas desde então aparecem
no prefácio e em um ensaio de fotos, que foram feitas por Rita Morais, 21, filha de Fernando. Estudante de arquitetura e fotografia,
ela fez um estágio com Sebastião
Salgado, que lhe sugeriu o trabalho em Cuba.
Entre as mudanças que o autor
vê no cenário cubano, está a abertura para o capital estrangeiro,
que atua em parcerias com o Estado. Outro fator é o crescimento do
turismo, que superou a agroindústria do açúcar no primeiro lugar das atividades econômicas.
Essas transformações ocorreram como decorrência do colapso, em 1991, da URSS (União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas),
com a qual Cuba realizava quase a
totalidade de suas relações comerciais.
Acreditando que poderiam acelerar a queda do socialismo também entre os cubanos, os EUA
editaram leis para tornar ainda
mais restritivo o bloqueio ao país.
A ILHA. De: Fernando Morais. Editora:
Companhia das Letras (tel. 0/xx/11/
3846-0801). 30ª edição. 232 páginas. R$
23,50.
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