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Setor ainda depende do governo
DO ENVIADO AO RIO
O governo continua a ser o fiel
da balança do mercado editorial
brasileiro. A pesquisa mais ampla
sobre a saúde do livro no país, divulgada no sábado na Bienal do
Rio, mostra que sem a presença
do dinheiro público o balanço de
2002 teria sido ruim para o setor.
O estudo "Produção e Vendas
do Setor Editorial Brasileiro", antes chamado de "Diagnóstico do
Setor..." aponta que, com as compras do Ministério da Educação
incluídas, as coisas ficaram como
estavam em 2001.
Houve queda ligeira de títulos
editados, de 40.900 para 39.800, e
aumento de 7% na quantidade de
exemplares vendidos, totalizando
320 milhões de volumes comercializados no ano passado.
O faturamento das editoras, em
compensação, foi para baixo. De
R$ 2,27 bilhões para R$ 2,18 bi.
O levantamento, bancado pela
Câmara Brasileira do Livro (CBL)
e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livro (Snel), deixa claro o
papel preponderante do programa governamental PNBE, que
comprou títulos gerais, não-didáticos, para esse segmento.
Essa área assistiu ao pulo do gato. Foi de 82 para 111 milhões de
exemplares, aumento de 35% -e
o governo comprou 40 milhões de
títulos nesse campo.
Das áreas mais em baixa na nova pesquisa, a religiosa é a com
maiores perdas de terreno. Vendeu 17% menos, apesar de leve
crescimento no faturamento.
Os altos e baixos, mais para baixos, de modo geral não são interpretados como uma calamidade
pelos dirigentes do setor. "Não diria que foi um ano muito ruim,
talvez ruim. Só acompanhamos a
erosão do poder aquisitivo do
brasileiro", diz Roberto Feith, editora da Objetiva e diretor do Snel.
"A queda das vendas em livrarias
acompanha com fidelidade a retração do consumo de bens não
duráveis."
O livro vive um cenário de topografia achatada na visão do presidente do Snel, Paulo Rocco. "Nos
últimos anos não temos tido picos
para o alto nem para baixo."
As perspectivas do setor para
2003 são de seguir na mesma toada. Com o anúncio por parte do
ministro da Educação, Cristovam
Buarque, da intenção de manter
os programas de compra de livros
da gestão Fernando Henrique
Cardoso, e com os últimos resultados cambiais, fala-se até em
uma pequena melhora para o
mercado.
"Independentemente das pequenas quedas ou subidas, algo
fundamental que acaba não sendo enfatizado nunca é que o mercado brasileiro tem hoje um tamanho impressionante. Produzimos mais que México, Colômbia
e Argentina juntos", sustentou
Bernardo Gurbanov, da Câmara
Brasileira do Livro.
(CEM)
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