São Paulo, domingo, 19 de junho de 2005

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FOTOGRAFIA

Exposição em fundação germânica reúne, a partir de hoje, 36 obras de artistas sobre o cotidiano nacional

Mostra na Alemanha fixa olhar brasileiro

TONI PIRES
EDITOR DE FOTOGRAFIA

O museu Ludwig de Koblenz (www.ludwigmuseum.org), na Alemanha, recebe de hoje até o dia 31 de julho 36 obras fotográficas de artistas brasileiros, compondo a exposição "Brasiliens Gesichter" (faces do Brasil).
Várias gerações de fotógrafos brasileiros, de todas as regiões do país, compõem este trabalho, que teve a curadoria de Carlo Cirenza. Entre eles está Marlene Bergamo, da Folha, que mostra os contrastes entre luxo e miséria e terá uma sala fechada, onde suas fotos serão projetadas com acompanhamento de músicas nacionais.
Outros participantes são Ana Lúcia Mariz, com seus recortes e sobreposições, Iatã Cannabrava, Egberto Nogueira, Karime Xavier e Rosa de Luca.
O corte que busca contar o amplo cotidiano de um país no espaço restrito do enquadramento imprime à fotografia a força de ser documento, registro e reação para a realidade. Assim como o dispositivo de enquadramento, que já existia na pintura, mostra uma adjunção num espaço em que os limites já estão previamente dados. O enquadramento pictural é um universo encerrado. O fotógrafo não adiciona, subtrai.
Metaforicamente, os limites traçados pelo enquadramento são o elemento reorganizador da estabilidade eterna, que perdura para além das conclusões, das derrocadas e de todo tipo de mudanças, precisamente porque são símbolos de ordem e harmonia. Nesse contexto, esses fotógrafos são caçadores de emoções, acontecimentos e movimentos, que embalsamam "a verdade" das coisas para o futuro, amanhã, depois e sempre.
A Fundação Ludwig, que é uma das mais importantes instituições privadas de artes visuais da Europa, é a primeira a receber uma exposição do The Brazilian Art Project, que prevê ao longo de dois anos realizar ao menos oito exposições internacionais de grande porte ao redor do mundo.
Nesta exposição a fotografia olha a sociedade na sua modernidade e lhe oferece a possibilidade de nela se rever, numa tomada de consciência, revelação das marcas latentes de racionalidade em que a sociedade paulatinamente vai se descobrindo.
A realidade de um país é convertida em símbolo da realidade, e este símbolo gera sentimentos dos quais o receptor participa. Contribuindo desse modo para a descoberta do meio e para uma visão global do mundo.


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