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FOTOGRAFIA
Exposição em fundação germânica reúne, a partir de hoje, 36 obras de artistas sobre o cotidiano nacional
Mostra na Alemanha fixa olhar brasileiro
TONI PIRES
EDITOR DE FOTOGRAFIA
O museu Ludwig de Koblenz
(www.ludwigmuseum.org), na
Alemanha, recebe de hoje até o
dia 31 de julho 36 obras fotográficas de artistas brasileiros, compondo a exposição "Brasiliens
Gesichter" (faces do Brasil).
Várias gerações de fotógrafos
brasileiros, de todas as regiões do
país, compõem este trabalho, que
teve a curadoria de Carlo Cirenza.
Entre eles está Marlene Bergamo,
da Folha, que mostra os contrastes entre luxo e miséria e terá uma
sala fechada, onde suas fotos serão projetadas com acompanhamento de músicas nacionais.
Outros participantes são Ana
Lúcia Mariz, com seus recortes e
sobreposições, Iatã Cannabrava,
Egberto Nogueira, Karime Xavier
e Rosa de Luca.
O corte que busca contar o amplo cotidiano de um país no espaço restrito do enquadramento imprime à fotografia a força de ser
documento, registro e reação para
a realidade. Assim como o dispositivo de enquadramento, que já
existia na pintura, mostra uma
adjunção num espaço em que os
limites já estão previamente dados. O enquadramento pictural é
um universo encerrado. O fotógrafo não adiciona, subtrai.
Metaforicamente, os limites traçados pelo enquadramento são o
elemento reorganizador da estabilidade eterna, que perdura para
além das conclusões, das derrocadas e de todo tipo de mudanças,
precisamente porque são símbolos de ordem e harmonia. Nesse
contexto, esses fotógrafos são caçadores de emoções, acontecimentos e movimentos, que embalsamam "a verdade" das coisas
para o futuro, amanhã, depois e
sempre.
A Fundação Ludwig, que é uma
das mais importantes instituições
privadas de artes visuais da Europa, é a primeira a receber uma exposição do The Brazilian Art Project, que prevê ao longo de dois
anos realizar ao menos oito exposições internacionais de grande
porte ao redor do mundo.
Nesta exposição a fotografia
olha a sociedade na sua modernidade e lhe oferece a possibilidade
de nela se rever, numa tomada de
consciência, revelação das marcas
latentes de racionalidade em que
a sociedade paulatinamente vai se
descobrindo.
A realidade de um país é convertida em símbolo da realidade,
e este símbolo gera sentimentos
dos quais o receptor participa.
Contribuindo desse modo para a
descoberta do meio e para uma
visão global do mundo.
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