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CINEMA/ESTREIAS
Crítica/"Loki - Arnaldo Baptista"
Diretor cria um mosaico afetivo sobre Arnaldo
Produção que estreia hoje nos cinemas reconstitui jornada de ex-Mutantes
CRÍTICO DA FOLHA
No princípio, eram The
Thunders, que encontraram as Teenage
Singers. Daí se formaram os Six
Siders Rockers e, em seguida,
os Mutantes. Mais tarde, carreira solo e uma nova banda, a
Patrulha do Espaço, dariam
continuidade à trajetória musical de Arnaldo Dias Baptista,
60, retomada há três anos com
o reencontro dos Mutantes.
"Loki - Arnaldo Baptista" reconstitui, com apurado espírito
de arqueologia musical, essa
jornada singular na história do
rock nacional, que deu "identidade brasileira" ao gênero, segundo o crítico Tárik de Souza,
e o fez com "frescor, liberdade e
irreverência", de acordo com o
jornalista Nelson Motta.
Souza e Motta figuram entre
os muitos entrevistados pelo
documentário para avaliar a
força de Arnaldo -e, em especial, dos Mutantes- no cenário
cultural brasileiro dos últimos
40 anos, ao lado de personagens que viveram o mesmo período, como Tom Zé, Rogério
Duprat e Gilberto Gil.
Não reside aí, contudo, a ênfase dessa produção do Canal
Brasil, que recebeu o prêmio do
público de melhor documentário no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo,
em 2008, e que chega ao circuito comercial na esteira de "Simonal - Ninguém Sabe o Duro
que Dei" e "Cantoras do Rádio",
também voltados à memória
musical brasileira.
Em "Loki", maior é o interesse humano pela figura doce e
hoje reservada de Arnaldo, cujos quadros de caráter autobiográfico ajudam a costurar a
narrativa. Enquanto acompanhamos o músico na pintura de
um mosaico sobre episódios de
sua vida, voltamos a eles em
imagens de arquivos e depoimentos de antigos parceiros.
Raphael Vilardi, Sérgio Dias,
Antonio Peticov e Liminha respondem, ao lado das lembranças agridoces do próprio Arnaldo, pelo registro afetuoso com
que o diretor Paulo Henrique
Fontenelle trata seu personagem, visto em circunstâncias
públicas (como a antológica
participação no Festival da Record de 1967) e privadas.
A segunda mulher de Arnaldo, Martha Mellinger, mãe de
seu filho, contribui com reminiscências de uma fase pesada
que, no ápice, traz à cena a terceira e atual mulher, Lucinha
Barbosa, produtora executiva
de "Loki". Já o silêncio estrondoso de Rita Lee, que só fala (e
pouco) em cenas de arquivo,
sublinha o aspecto fantasmagórico de quem paira sobre boa
parte do filme, mas só nas palavras dos outros.
(SÉRGIO RIZZO)
LOKI - ARNALDO BAPTISTA
Direção: Paulo Henrique Fontenelle
Produção: Brasil, 2008
Onde: em cartaz no Cine Bombril,
Unibanco Arteplex e circuito
Classificação: livre
Avaliação: bom
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