São Paulo, sexta-feira, 19 de junho de 2009

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CINEMA/ESTREIAS

Crítica/"Loki - Arnaldo Baptista"

Diretor cria um mosaico afetivo sobre Arnaldo

Produção que estreia hoje nos cinemas reconstitui jornada de ex-Mutantes

CRÍTICO DA FOLHA

No princípio, eram The Thunders, que encontraram as Teenage Singers. Daí se formaram os Six Siders Rockers e, em seguida, os Mutantes. Mais tarde, carreira solo e uma nova banda, a Patrulha do Espaço, dariam continuidade à trajetória musical de Arnaldo Dias Baptista, 60, retomada há três anos com o reencontro dos Mutantes.
"Loki - Arnaldo Baptista" reconstitui, com apurado espírito de arqueologia musical, essa jornada singular na história do rock nacional, que deu "identidade brasileira" ao gênero, segundo o crítico Tárik de Souza, e o fez com "frescor, liberdade e irreverência", de acordo com o jornalista Nelson Motta.
Souza e Motta figuram entre os muitos entrevistados pelo documentário para avaliar a força de Arnaldo -e, em especial, dos Mutantes- no cenário cultural brasileiro dos últimos 40 anos, ao lado de personagens que viveram o mesmo período, como Tom Zé, Rogério Duprat e Gilberto Gil.
Não reside aí, contudo, a ênfase dessa produção do Canal Brasil, que recebeu o prêmio do público de melhor documentário no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo, em 2008, e que chega ao circuito comercial na esteira de "Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei" e "Cantoras do Rádio", também voltados à memória musical brasileira.
Em "Loki", maior é o interesse humano pela figura doce e hoje reservada de Arnaldo, cujos quadros de caráter autobiográfico ajudam a costurar a narrativa. Enquanto acompanhamos o músico na pintura de um mosaico sobre episódios de sua vida, voltamos a eles em imagens de arquivos e depoimentos de antigos parceiros.
Raphael Vilardi, Sérgio Dias, Antonio Peticov e Liminha respondem, ao lado das lembranças agridoces do próprio Arnaldo, pelo registro afetuoso com que o diretor Paulo Henrique Fontenelle trata seu personagem, visto em circunstâncias públicas (como a antológica participação no Festival da Record de 1967) e privadas.
A segunda mulher de Arnaldo, Martha Mellinger, mãe de seu filho, contribui com reminiscências de uma fase pesada que, no ápice, traz à cena a terceira e atual mulher, Lucinha Barbosa, produtora executiva de "Loki". Já o silêncio estrondoso de Rita Lee, que só fala (e pouco) em cenas de arquivo, sublinha o aspecto fantasmagórico de quem paira sobre boa parte do filme, mas só nas palavras dos outros. (SÉRGIO RIZZO)


LOKI - ARNALDO BAPTISTA

Direção: Paulo Henrique Fontenelle
Produção: Brasil, 2008
Onde: em cartaz no Cine Bombril, Unibanco Arteplex e circuito
Classificação: livre
Avaliação: bom




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