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ARTES PLÁSTICAS
Mostra sobre o artista na Documenta conta com obras interativas, como penetráveis e parangolés
Hélio Oiticica tem que ser manipulado
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
A participação
efetiva do artista
plástico brasileiro Hélio Oiticica
(1937-1980) na
mostra Documenta de Kassel, que será
inaugurada no sábado, vai depender -além da boa vontade como
curadora já manifestada por Catherine David ao selecionar a produção do artista- também de sua
vontade política.
É que para a percepção corpórea
da obra, objetivo de parangolés e
penetráveis, será necessária uma
mudança de atitude do público,
que, mesmo habituado com arte
interativa, ainda se atém à máxima
de que não se toca em obra de arte.
Mas sem o toque, a obra de Hélio
Oiticica não funciona.
"O parangolé precisa ser animado, o que depende muito do empenho direto da organização do
evento, que deve viabilizar isso. Se
você coloca os parangolés lá, mesmo réplicas, sem uma estratégia
para estimular, provocar e chamar
a atenção do público para a interação, eles não funcionam", disse
Luciano Figueiredo, que selecionou as obras de Oiticica, junto
com Catherine David.
Figueiredo já passou por situação semelhante há alguns anos,
quando curou uma mostra itinerante de Oiticica. "Colocar parangolés dentro de um espaço museológico é uma questão paradoxal e
mais complicada que a simples opção do curador em querer que o
parangolé seja manipulado pelo
público. A instituição deve ser sensível e encontrar uma forma de
animá-los. É preciso que haja uma
adesão ao espírito da obra", disse
Figueiredo.
Para estimular isso, mas também
preservar a integridade física da
obra, foram mandadas originais e
réplicas. Ao todo, foram selecionadas 63 obras, entre parangolés,
bólides e penetráveis, como o
"Projeto Cães de Caça", de 1960.
Também será exibido em vitrines material de documentação (oito desenhos e duas fotografias).
Todo esse acervo pertence ao Projeto Hélio Oiticica, no Rio.
Segundo Figueiredo, inicialmente, a curadora estava interessada
em obras originais, o que inviabilizaria imediatamente a manipulação, mas mudou de idéia e está levando seis réplicas, que poderão
ser vestidas ou manuseadas.
Segundo o curador, embora não
seja uma retrospectiva, mas uma
homenagem, a mostra de Hélio
Oiticica é significativa de sua produção. "É muito forte e consistente. Bólides e parangolés, na cronologia do Hélio, estão muito próximos. Vai dar para mostrar uma fatia muito boa de sua produção".
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