|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ERIKA PALOMINO
GRATIDÃO, SAMPLING E REFERÊNCIAS NA MODA
"Quer ele saiba, quer não, Nicolas Ghesquiere é grande no
Brasil. Muitos dos mais importantes desfiles em São Paulo hoje
devem considerável gratidão ao
influente designer. Reinaldo
Lourenço, que é considerado
um dos mais inventivos talentos
do Brasil, evidentemente se referiu a uma recente coleção da Balenciaga com seus vestidos curtos, muitos dos quais com recortes art-nouveau." Assim o jornalista Armand Limnander escreveu em seu artigo de anteontem
no site "Fashion Wire Daily",
uma agência de notícias de moda que pela primeira vez cobre a
São Paulo Fashion Week.
Limnander é um experiente
jornalista, que já trabalhou para
o Style.com, o portal da editora
Condé Nast ("Vogue").
Foram citados ainda no artigo
as marcas Patachou e Ellus, que
desfilaram no mesmo dia. O artigo recebeu o título: "Hoje na
semana de moda do Brasil: referências a Nicolas Ghesquiere em
toda parte".
O designer francês, que está à
frente da marca Balenciaga, é de
fato um dos nomes mais influentes na moda. Foi ele quem
primeiro se lembrou da silhueta
anos 80 que depois tomou conta
da moda. E também foi ele o
"culpado" por encher as passarelas e ruas do mundo com tops
de babadinhos. Mais recentemente, acionou a febre da manufatura que passou então a assolar o planeta.
"Essa é a opinião dele. Tenho
certeza de meu trabalho. Nem
olhei para Ghesquiere. Se saiu
algo parecido... Achei tão pessoal, trabalhei tão focadinho",
disse Reinaldo Lourenço à Folha. "Mas isso não me incomoda
nem um pouco. Como também
não me incomodou aquele caso
dele", completa, lembrando a
recente polêmica na Europa,
quando um site (hintmag.com)
apontou -em março último-
que o famoso patchwork de
Ghesquiere do verão 2002 era,
por sua vez, cópia literal de uma
roupa de um designer chinês radicado em São Francisco nos
anos 70, chamado Kaisik Wong.
Ghesquiere admitiu: "Eu fiz,
sim". O contato de Ghesquiere
com o trabalho de Kaisik Wong
se deu por meio de uma xerox
da página de um livro mostrada
por um assistente, com a imagem do top. "Pensamos que fosse figurino de teatro", disse
Ghesquiere ao "NY Times".
O estilista da Balenciaga chegou a comparar o caso com a
prática do sampling, na indústria da música eletrônica. "É como eu trabalho. Sempre disse
que estou olhando para as roupas vintage", explicou. "Não
tem que ter polícia. Se fiz um
bom trabalho, é o que importa.
As referências estão aí para todo
mundo. Não sei o que ele (Limnander) viu", diz.
A questão é que a cópia sempre foi assunto relacionado à
moda brasileira. De algumas
temporadas para cá, entretanto,
com a participação crescente de
jornalistas estrangeiros, os estilistas mais importantes passaram a criar coleções mais autorais. Até porque muitos deles
buscam a inserção no mercado global, vendendo e desfilando
no exterior.
MARCAS COMENTAM A CRÍTICA
O comentário de um veículo
formador de opinião como o
"Fashion Wire Daily" pode
comprometer a imagem da moda do Brasil no mundo, num
momento em que o design brasileiro tenta ocupar um lugar no
Planeta Fashion? Reinaldo Lourenço acha que não. "Principalmente se a gente não der força,
não gastar muita energia com
isso. Brasileiro adora destruir o
próprio Brasil", diz.
Terezinha Santos, estilista e
proprietária da marca Patachou, comenta: "Olho para o
mundo e penso nos valores que
sejam absorvidos pelo meu
consumidor. Tentamos fugir de
qualquer interferência e dessa
guerra de quem é quem. Mas o
que posso dizer é que minha ética e meu estilo são em relação
ao perfil dos meus consumidores". A marca abriu seu desfile
com uma calça cargo com bolsos utilitários -forma que
Ghesquiere apresentou na Balenciaga na primavera-verão
2002 e que já aparece em várias
passarelas do planeta. A grife
conta, pela primeira vez, com a
participação de dois franceses
em sua equipe: o stylist Benjamin Galopin, assistente da editora Carine Roitfeld, da "Vogue" francesa, considerada musa de Tom Ford, e o diretor de
imagem Alix Malka, que trabalhou oito anos com o estilista
francês Thierry Mugler.
"Se ele acha que tem cheiro de
Ghesquiere, tudo bem", desdenha Ricardo Gonzales, diretor
de marketing da Ellus. "A Balenciaga acabou de passar por
uma situação parecida. Acho
que o mundo come do mesmo
momento. Existe alguma coisa
no ar e as pessoas respiram do
mesmo contexto. Há grupos
que gostam da mesma tendência, faz parte da globalização. E
eu também não fico mais pensando "isso é isso". O mundo é
assim. Se ele sentiu essa referência, tudo bem. Ainda bem que
foi Balenciaga. Mas o nosso foco mesmo é no jeans."
A marca também contou com
um stylist importado, o francês
Donatien Veismann, que pela
segunda vez assina a imagem de
seu feminino na passarela.
Colaborou Camila Yahn, free-lance para a Folha
FAUSE HATEN VAI DESFILAR EM MILÃO
O estilista Fause Haten vai apresentar sua coleção em Milão,
dentro dos lançamentos de verão 2003 na cidade italiana, na
temporada internacional que
começa dia 12 de setembro em
Londres. Haten já desfilou em
Los Angeles e em Nova York,
onde foi o primeiro criador brasileiro a se apresentar na Seventh on Sixth, no verão de 99.
O desfile feminino de Fause Haten, a mesma coleção que será
desfilada na Itália, acontece hoje ao meio-dia, no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE).
MARCELO SOMMER E DINIZ FICAM SÓCIOS
Sommer ganhou um investidor
de peso. O empresário João
Paulo Diniz virou sócio do estilista. O primeiro passo pós-sociedade é abrir uma loja legal na rua Augusta, quase em frente à galeria Ouro Fino.
MODELOS SE LANÇAM NA SP FASHION WEEK
A cada temporada de moda, alguns nomes entram em evidência. Michelle Alves (Marilyn) brilhou nos primeiros dias da
São Paulo Fashion Week, mas
cancelou suas participações hoje e amanhã por causa de uma
campanha para a Dior. E parece
que chegou a vez de Raquel
Zimmerman, a loura que vem
fazendo trajetória internacional
há alguns anos, mas que sempre
havia passado meio despercebida. Com os cabelos e as sobrancelhas mais claros, Raquel tem
estado bem em todos os castings. Raquel também está na
famosa capa da luta livre da
"Vogue" Itália, de maio último,
junto com Michelle Alves.
No território das new faces, Carol Trentini, 15, tem a imagem
da estação. Ela é sardenta e tem
uma cara de tédio bem adolescente. O top bofe Anderson
Dornelles, 21 (Marilyn), causou
urros na platéia ao sair de dentro da cascata d'água no desfile
da Rosa Chá, com uma sunga
minúscula. "Não usaria a tanga
na vida real. Não é meu estilo.
Gosto de sunga larga, com uns
quatro dedos de largura", disse
o modelo. Entre os novos, o
moreno Lucca Alves, da Next,
tem sido um dos favoritos.
Texto Anterior: DVD lançamentos Próximo Texto: SP Fashion Week: Herchcovitch emociona a SP Fashion Week Índice
|