São Paulo, domingo, 19 de julho de 2009

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comentário

Ivan é grande arquivista da contracultura

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Para uma época que muitos se apressaram em condenar às trevas, rotulando-a de "vazio cultural", até que foi bem animado o período que vai do recrudescimento da ditadura, com a edição do AI-5, em dezembro de 1968, ao início da abertura do regime, na segunda metade da década de 70.
Embora por caminhos alternativos ou subterrâneos, muita coisa interessante e boa se fez no circuito cultural naqueles anos pós-tropicalistas, marcados no Brasil pela repressão, pelo clima de "sufoco" e pela onda geral da contracultura.
O cineasta e fotógrafo Ivan Cardoso foi um dos caras da hora -entrando em campo em 1970, com o hoje clássico do underground "Nosferato in Brazil". Não poderia ser mais emblemático: rodado em super-8, tendo como protagonista o lendário poeta e letrista Torquato Neto, expoente da tropicália.
E o melhor é que Ivan seguiu os conselhos do artista Hélio Oiticica e guardou "tudo". Tornou-se hoje um grande arquivista da contracultura. Seu baú de imagens, produtos e documentos da época vai aos poucos chegando às novas gerações. Ele já lançou o livro "De Godard a Zé do Caixão" (Funarte) e suas preciosas imagens de Hélio Oiticica foram exibidas na 27ª Bienal de São Paulo, em 2006.
São relíquias de um passado ao qual nem todos sobreviveram. O pessoal, como se dizia, "foi fundo" -e levou a vida em ritmo de aventura, na corda-bamba, em dilacerantes manobras radicais.


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