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comentário
Ivan é grande arquivista da contracultura
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Para uma época que muitos se apressaram em condenar às trevas, rotulando-a de
"vazio cultural", até que foi
bem animado o período que
vai do recrudescimento da
ditadura, com a edição do AI-5, em dezembro de 1968, ao
início da abertura do regime,
na segunda metade da década de 70.
Embora por caminhos alternativos ou subterrâneos,
muita coisa interessante e
boa se fez no circuito cultural
naqueles anos pós-tropicalistas, marcados no Brasil pela repressão, pelo clima de
"sufoco" e pela onda geral da
contracultura.
O cineasta e fotógrafo Ivan
Cardoso foi um dos caras da
hora -entrando em campo
em 1970, com o hoje clássico
do underground "Nosferato
in Brazil". Não poderia ser
mais emblemático: rodado
em super-8, tendo como protagonista o lendário poeta e
letrista Torquato Neto, expoente da tropicália.
E o melhor é que Ivan seguiu os conselhos do artista
Hélio Oiticica e guardou "tudo". Tornou-se hoje um
grande arquivista da contracultura. Seu baú de imagens,
produtos e documentos da
época vai aos poucos chegando às novas gerações. Ele já
lançou o livro "De Godard a
Zé do Caixão" (Funarte) e
suas preciosas imagens de
Hélio Oiticica foram exibidas
na 27ª Bienal de São Paulo,
em 2006.
São relíquias de um passado ao qual nem todos sobreviveram. O pessoal, como se
dizia, "foi fundo" -e levou a
vida em ritmo de aventura,
na corda-bamba, em dilacerantes manobras radicais.
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