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OPINIÃO
Pianista exibe ímpeto e vitalidade nas interpretações
RODRIGO VASCONCELOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A brasileira Cristina Ortiz é
uma artista disposta a arrebatar a plateia. Seu ímpeto e
vitalidade, características
que ela associa à sua nacionalidade, parecem guiar a
percepção que se tem dela.
Com quinze anos, a pianista baiana deixou o Rio para
estudar com Magdalena Tagliaferro em Paris. Três anos
depois, obteve o prêmio do
concurso Van Cliburn nos
EUA e decidiu estudar com
Rudolf Serkin, na Filadélfia.
Mesmo mantendo relação
íntima com compositores importantes, como Robert
Schumann (1810-1856) e Heitor Villa-Lobos (1887-1959),
Cristina Ortiz tem a preocupação em sair do óbvio.
Já realizou gravações com
obras de compositores menos conhecidos como Clara
Schumann (1819-1896), esposa de Robert Schumann,
ou seu conterrâneo Fructuoso Vianna (1896-1976).
Villa-Lobos é uma especialidade. A gravação de seus
cinco concertos para piano e
orquestra com a Royal Philharmonic virou referência.
Outro projeto de peso, relacionado a esse compositor,
foi a execução de seu "Choros nº 11", uma obra também
para piano e orquestra em
2005, com a Osesp.
São enormes os méritos de
quem se dispõe a encarar
uma obra de proporções
imensas e tão pouco convencional. A posterior gravação,
em 2006, parece ter sido um
tanto tumultuada, mas o CD
lançado em 2009 teve uma
recepção muito positiva.
Tanta energia possibilitou
que Cristina Ortiz pudesse
conciliar a exigente carreira
de solista à de camerista. Essa função é frequentemente
negligenciada por outros
concertistas, por exigir uma
dedicação específica.
A boa música de câmera só
é feita por músicos que se escutam muito bem, que compreendem a necessidade de
respirarem juntos.
Com o violoncelista Antonio Meneses, ela gravou a integral da obra para piano e
violoncelo de Villa-Lobos.
Outra colaboração importante foi com o Fine Arts
Quartet, que rendeu os primorosos registros dos quintetos do belga César Franck
(1822-1890) e do francês Gabriel Fauré (1845-1924).
O programa escolhido para o recital de Campos do Jordão é um reflexo da forma inteligente com que Cristina escolhe seu repertório.
Dedicado a Chopin (1810-1849), incluirá as quatro baladas e os quatro scherzzi,
formando dois ciclos.
A forma fixa do scherzo
contraposta à liberdade formal da balada deve encontrar um interessante ponto
de equilíbrio. A conferir.
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