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CRÍTICA TEATRO
Peças colaborativas impressionam no FIT
"Otro", do Coletivo Improviso, explora rotas urbanas e grupos Espanca! e XIX se unem em "Marcha para Zentauro'
CHRISTIANE RIERA
ENVIADA ESPECIAL A SÃO JOSÉ DO RIO
PRETO (SP)
Dois espetáculos inventivos, criados a partir de investigações sólidas em linguagem teatral, resultam em
montagens de riqueza visual
e dramaturgias engenhosas.
Da pesquisa sobre a relação dos habitantes da cidade
com o entorno urbano nasceu "Otro", peça do Coletivo
Improviso em colaboração
com os diretores Enrique
Diaz e Cristina Moura.
Na abertura, uma atriz
descreve paisagem bucólica
do Rio vista por uma mulher
de sua janela. A partir do
mundo lá fora, a narrativa
adentra o apartamento, trafega pelos móveis e parte novamente, fazendo o trajeto
pelas ruas cariocas até culminar com sua chegada ao teatro em São José do Rio Preto.
"Ela agora sou eu", diz, fixando como se dará a amarração dos fios narrativos ao
longo da montagem.
Como faíscas, histórias são
lançadas a partir de uma frase ou um gesto que então incendeia os percursos dos atores pelo próprio corpo, pelo
palco e pela cidade.
Uma conversa casual entre mulheres termina com a
descrição da matança de um
porco: "Corta, abre, tira as
vísceras". Tal frase é pontuada com movimento de mãos,
um gesto que será apropriado por um "outro" ator e então incorporado pelo coletivo
em forma de dança.
A coreografia domina o
palco em uma combustão cênica, que mingua lentamente, transformando-se em nova centelha para o próximo
percurso dramático.
A ideia do "outro" é uma
fronteira a ser diluída, trânsito direto entre o processo de
criação dos atores que traduzem suas experiências cotidianas para o jogo de cena.
Tudo termina em comovente
comunhão com o público.
BRECHT ÀS AVESSAS
Na mesma vertente de
criação colaborativa, Luiz
Fernando Marques dirige as
companhias Espanca! e Grupo XIX de Teatro na estreia de
"Marcha para Zenturo", cuja
trama transporta o público
para o Réveillon de 2441.
Neste Brecht às avessas, a
estratégia de estranhamento
com o presente para provocar alguma reflexão nasce
não de uma relação com o
passado histórico, mas sim
com um futuro ficcional.
A montagem se debruça
sobre um registro mais filosófico, apesar de vago, que político. "Um brinde à nossa capacidade de perceber que
coisas estão acontecendo",
profere um convidado.
Surpreendente é o desenrolar da dramaturgia em
breves saltos no tempo, causando um descompasso na
linearidade da história.
O clique de uma foto é seguido por uma pose do coletivo segundos depois, uma
demanda de sincronia na interpretação dos atores que
impressiona.
A crítica CHRISTIANE RIERA hospeda-se a
convite do evento
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