São Paulo, segunda-feira, 19 de agosto de 2002

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BARBARA GANCIA

É um pássaro? É um avião? É o Super 15 de castanhola!

Esse Super 15 do novo comercial da Telefônica não me engana. Pode até ser muito veloz quando voa daqui para Tóquio, mas tem a mesma pinta de toureiro invocado do Ronaldo Ésper.
Diga a verdade, ó leitor perspicaz: não está faltando só uma caneta na mão direita e uma revista de amenidades na outra, para o Super 15 ser um Ronaldo Ésper perfeito? A levantada de sobrancelha é igualzinha.
O leitor com menos de 40 anos talvez não saiba quem é Ronaldo Ésper. Ele foi um Alexandre Herchcovitch ou um Fause Haten do tempo dele. Chegou a vestir as mulheres mais elegantes do país e a trabalhar em Paris e Roma. Não sei bem se ainda lida com moda. Hoje, eu o vejo vira-e-mexe na TV rabiscando nervosamente as fotos das famosas nas revistas. Adoro quando ele cobre com uma caneta hidrográfica os excessos que acha que encontra nos corpos da mulherada. Não é uma simpatia o Ronaldo Ésper? Pois o Super 15 da Telefônica também é um docinho de coco.
Outro dia, fui acordada às 8h59 pelo telefonema de um sujeito falando em nome da Telefônica, que queria de todo modo me apresentar os novos produtos da empresa preferida do paulistano. Por que, entre os novos serviços da Telefônica, nunca consta um que nos ensine a encontrar os números que mudaram, eu não sei.
O dileto leitor já deve ter passado por esse constrangimento. Você disca um determinado número e, em vez de tocar, surge aquela voz dizendo que o número não existe. Daí você liga para o auxílio à lista e o atendente lhe fornece um novo número, que você disca, só para descobrir que também não existe. No meio tempo, você ficou alguns centavos mais pobre por conta da consulta inútil. Mas não é uma minúcia dessas que vai fazer um super-herói como o Super 15 tropeçar na barra da capa, né não?
E quando a Telefônica agradece, a gente sempre pode responder: de nada, Super 15, por ficar devendo a informação; de nada, Super 15, por me acordar e estragar o meu dia; e de nada, Super 15, por ter me enviado aquele telefone cheio de botões que eu não pedi, seu abacate dançarino de flamenco de parada gay, toureiro de uma figa e super-herói de araque! Vá tocar castanhola em Tegucigalpa, que eu quero dormir!
Ufa! Agora que eu tirei o Super 15 do peito, responda-me uma coisa: quem é mais parecido com o Homer Simpson, o Ciro ou o Serra? Se você disse que o Ciro parece o Homer ao acordar e o Serra parece o Homer depois de passar o dia inteiro carregando tijolos, acertou em cheio.

E-mail: barbara@uol.com.br
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