|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELETRO CHACHACHÁ
Divulgação
|
O músico e produtor alemão Uwe Schmidt, que faz show como Señor Coconut no evento do Sesc, com sua banda de oito pessoas |
Alemão radicado no Chile, Señor Coconut apresenta na Mostra Sesc de Artes - Latinidades versões latinas para clássicos pop de Kraftwerk e Michael Jackson
|
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
A largada para o megaevento de
arte latina promovido pelo Sesc
vai ser dada por um... alemão. O
músico e produtor Uwe Schmidt,
mais conhecido como Atom
Heart (também nada "latino") ou,
mais ainda, como Señor Coconut
(agora sim) é uma das principais
atrações da Mostra Sesc de Artes
-°Latinidades, que abre hoje para
convidados e recebe público de
amanhã até o dia 31.
Señor Coconut e sua banda chilena com nenhum chileno tocam
hoje na festa de abertura e amanhã, na Choperia, com venda de
ingressos. E ele nem é mesmo alemão. Coconut é o cara que ganhou nome na música de vanguarda européia ao colocar a música latina em um laptop. Lançou
o CD "El Baile Alemán" em 2000
com várias versões chachachá para clássicos do cultuado grupo
Kraftwerk, pioneiro da eletrônica.
Recentemente soltou nas lojas
"Fiesta Songs", álbum (inédito no
Brasil) que empresta o molejo e o
sabor latino a clássicos como
"Beat It", de Michael Jackson, e
"Smoke on the Water", do Deep
Purple. De "sua cidade", Santiago,
Chile, Coconut falou à Folha.
Folha - Por que um alemão como
você escolheu o Chile para viver?
Señor Coconut - Na verdade, eu
sou austríaco de nascença, mas vivi até 97 em Frankfurt. Foi quando decidi mudar para o Chile com
um amigo com o qual fazia música. Escolhemos o Chile porque
queríamos um lugar totalmente
isolado de qualquer tendência
musical mais óbvia para tentar
desenvolver um estilo diferente.
Folha - Seu nome é Uwe Schmidt.
Como artista, Señor Coconut. Mas
como produtor você assina Atom
Heart. É isso?
Coconut - É. Atom Heart veio do
disco do Pink Floyd "Atom Heart
Mother". Quando lancei meu primeiro disco, em 90, assinei o trabalho como Atom Heart porque
gostei de usá-lo como pseudônimo. Aí adotei esse nome em meus
trabalhos como produtor.
Folha - É verdade que na banda
chilena do Señor Coconut ninguém
é chileno, a começar por você?
Coconut - Sim. No palco somos
em oito músicos. O cantor, Argenis Brito, é venezuelano, mas nos
conhecemos no Chile e ele se mudou para Berlim no ano passado.
Tem quatro dinamarqueses (sax,
percussão, marimba e baixo), um
tocador de trompete de Londres e
o sujeito do vibrafone é alemão.
Folha - Como a música latina entrou na sua vida?
Coconut - Na verdade, eu me
apaixonei pela música latina em
93, quando morei seis meses na
Costa Rica. Antes disso eu nem
gostava tanto de som latino porque na Alemanha, basicamente,
som latino era o estereótipo desses caras hippies, viajantes do
mundo com mochilas nas costas.
Odiava esses tipos.
Folha - Alguém do Kraftwerk entrou em contato para falar do chachachá de "El Baile Alemán"?
Coconut - O Florian Schneider
[fundador do Kraftwerk] me disse que tinha gostado do disco.
Folha - E os shows no Brasil?
Coconut - Os dois discos são a
base dos shows. O novo, "Fiesta
Songs", é orientado para um público maior, mainstream. Contém
alguns clássicos, como "Riders on
the Storm" [Doors], "Smooth
Operator" [Sade] e "Beat It" [Michael Jackson], duas covers de
músicas minhas, uma canção nova e uma versão da latina "Negro
Mi Cha-Cha-Chá". São oito sujeitos no palco. Eu fico no laptop,
dando a estrutura básica para as
canções. Mas elas devem soar um
pouco diferente porque ao vivo
costumamos improvisar mais.
Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: Fito Paez cantará com Frejat Índice
|