FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Há apenas um quarto de século, o diplomata Joaquim Paiva, 57, comprou duas fotografias da norte-americana Diane Arbus, em Caracas (Venezuela), onde morava. Desde então, não parou mais. Hoje sua coleção ultrapassa 2.200 imagens -sendo 2.000 brasileiras, o que o torna o maior colecionador privado no país.
No ano passado, o diplomata, que atualmente vive em Brasília, expôs 275 fotos de seu acervo numa mostra paralela à Bienal de SP, na Oca, no parque Ibirapuera, e é exatamente lá que, hoje, ele lança o livro "Visões e Alumbramentos", de quase 300 páginas, como catálogo dessa mostra e um complexo panorama da produção contemporânea nacional.
Em sua coleção, Paiva não discrimina gêneros da fotografia -do fotojornalismo à imagem experimental, tudo cabe, desde que esteja afinado com seu gosto pessoal. "Especializei-me em colecionar fotografias contemporâneas. Se a fotografia tiver qualidade e refletir o envolvimento do fotógrafo com a sua obra, isso para mim é o que conta", diz Paiva.
Na coleção e no livro, estão presentes desde os consagrados Sebastião Salgado e Miguel Rio Branco a fotógrafos com projeção crescente, como Rosângela Rennó, Cássio Vasconcelos e Rochelle Costi. Estão também lá os clássicos Pierre Verger e Alair Gomes, de quem Paiva possui nada menos que 399 trabalhos.
Uma pequena surpresa no livro é que Paiva apresenta um trabalho dele mesmo, tornando-se um colecionador que coleciona a si próprio. Será fácil acumular as funções? "Também fotografo e tenho o meu trabalho autoral. Fácil não é acumular funções. Mas também por que me limitar a ser isto ou aquilo apenas? Não sou uma máquina automática e especializada em uma tarefa única."
"Visões e Alumbramentos" tem texto do próprio colecionador e ensaios de Paulo Herkenhoff e Pedro Karp Vasquez. No seu texto, Paiva diz que o colecionador tem uma tríplice função: enriquecer a coleção, conservá-la e divulgá-la.