São Paulo, sábado, 19 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sociólogo traça a história do Brasil pós-PT

DA REPORTAGEM LOCAL

Em seu verbete "Brasil" para a "Latinoamericana", Francisco de Oliveira escreve a história do Brasil pós-PT.
Faz isso em três frentes: ao reavaliar a história dos partidos de esquerda e do sindicalismo no século 20, ao rever a história e o significado do próprio PT e ao realizar a crítica (final) a qualquer esperança desenvolvimentista, quer dizer, o sonho que embalou o país entre as décadas de 30 e 80.
A primeira parte se dá, antes de tudo, no resgate da importância do PCB para a história da esquerda no país. Oliveira afirma que a Intentona Comunista, de 1935, longe de ser "uma aventura desatinada, movida por poucos e isolados militantes", como geralmente é apresentada, se deu numa "conjuntura [que] poderia ser, realmente, revolucionária".
Lembra da força do partido no período entre 1945 e 1947 e diz que ele emergiu fortemente "no mesmo triângulo operário que seria o berço do PT", o ABC paulista. "É claro que os "intérpretes" da novidade do PT fingiram desconhecer essa história, até para tornar o PT o inventor da roda da história operária no Brasil."
Finalmente, o sociólogo faz referência à nova bibliografia historiográfica que nega o suposto e amplo "peleguismo" sindical no período varguista e populista.
Ao tratar do sindicalismo dos anos 70 e do surgimento do partido de Lula, diz que o PT não nasce como partido de esquerda.
"É evidente que a ausência de uma cultura de esquerda no meio operário hegemonizado pelo sindicalismo do ABCD refletiu-se na clara direitização do partido. A crise geral da ditadura e o movimento de redemocratização é que empurraram o PT para a esquerda", escreve o sociólogo.
O "fim da história" para o país à moda de Oliveira se dá no que ele chama de "adeus do futuro ao país do futuro". A rigor, a expressão se refere à inviabilidade do sonho desenvolvimentista, de que o país poderia crescer economicamente e superar seu atraso e suas desigualdades sociais.
Ocorre que o capitalismo contemporâneo permite e mantém o mais "atrasado" e o mais "avançado" em perfeita sintonia e convivência. "Não há mais futuro porque ele já está aí. Há uma simultaneidade entre todas as "idades geológicas" do capitalismo. Ou, aproveitando Marx, se é a anatomia do homem que explica a do macaco, neste caso é a anatomia do capitalismo mais avançado que explica as infinitas combinações esdrúxulas presentes na economia e na sociedade brasileira."
(RC)


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Obra será vertida para o espanhol e vendida na AL
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.