|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sociólogo traça a história do Brasil pós-PT
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu verbete "Brasil" para
a "Latinoamericana", Francisco de Oliveira escreve a história
do Brasil pós-PT.
Faz isso em três frentes: ao
reavaliar a história dos partidos
de esquerda e do sindicalismo
no século 20, ao rever a história
e o significado do próprio PT e
ao realizar a crítica (final) a
qualquer esperança desenvolvimentista, quer dizer, o sonho
que embalou o país entre as décadas de 30 e 80.
A primeira parte se dá, antes
de tudo, no resgate da importância do PCB para a história da
esquerda no país. Oliveira afirma que a Intentona Comunista, de 1935, longe de ser "uma
aventura desatinada, movida
por poucos e isolados militantes", como geralmente é apresentada, se deu numa "conjuntura [que] poderia ser, realmente, revolucionária".
Lembra da força do partido
no período entre 1945 e 1947 e
diz que ele emergiu fortemente
"no mesmo triângulo operário
que seria o berço do PT", o ABC
paulista. "É claro que os "intérpretes" da novidade do PT fingiram desconhecer essa história,
até para tornar o PT o inventor
da roda da história operária no
Brasil."
Finalmente, o sociólogo faz
referência à nova bibliografia
historiográfica que nega o suposto e amplo "peleguismo"
sindical no período varguista e
populista.
Ao tratar do sindicalismo dos
anos 70 e do surgimento do
partido de Lula, diz que o PT
não nasce como partido de esquerda.
"É evidente que a ausência de
uma cultura de esquerda no
meio operário hegemonizado
pelo sindicalismo do ABCD refletiu-se na clara direitização
do partido. A crise geral da ditadura e o movimento de redemocratização é que empurraram o PT para a esquerda", escreve o sociólogo.
O "fim da história" para o
país à moda de Oliveira se dá no
que ele chama de "adeus do futuro ao país do futuro". A rigor,
a expressão se refere à inviabilidade do sonho desenvolvimentista, de que o país poderia crescer economicamente e superar
seu atraso e suas desigualdades
sociais.
Ocorre que o capitalismo
contemporâneo permite e
mantém o mais "atrasado" e o
mais "avançado" em perfeita
sintonia e convivência. "Não há
mais futuro porque ele já está
aí. Há uma simultaneidade entre todas as "idades geológicas"
do capitalismo. Ou, aproveitando Marx, se é a anatomia do homem que explica a do macaco,
neste caso é a anatomia do capitalismo mais avançado que
explica as infinitas combinações esdrúxulas presentes na
economia e na sociedade brasileira."
(RC)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Obra será vertida para o espanhol e vendida na AL Índice
|