São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2008

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NA REDE

mente brilhante

Criador do Digg.com, Kevin Rose conta como funciona o sistema em que 29 milhões de visitantes por mês escolhem as melhores histórias da internet

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

A história não é nova: um garoto fanático por computadores, tratado como nerd pelos colegas de escola, abandona a faculdade e vai tentar a sorte no mercado da internet.
Nova foi a idéia que ele teve: aproveitar o crescente poder das redes sociais on-line e criar um site que reunisse as melhores histórias e links da internet, enviados e hierarquizados pelos próprios internautas.
E assim, munido de suas parcas economias, Kevin Rose, o tal garoto, contratou um programador por US$ 12 a hora, alugou espaço em um servidor por US$ 99 ao mês e deu forma à sua idéia, criando o Digg.com no fim de 2004, aos 27 anos.
Um ano e meio depois, Rose estava na capa da revista "Business Week" com a manchete "Como este garoto faturou US$ 60 milhões em 18 meses".
O modelo do Digg ressoou com força entre a geração de internautas da web 2.0, que são participativos, gostam de sugerir, de receber e comentar sugestões de outros usuários e acreditam no poder dos blogs e das redes sociais como difusores de notícias.
"O Digg é uma plataforma onde as pessoas se reúnem para descobrir e compartilhar conteúdo de maneiras que não podem ser feitas por meio da mídia tradicional", diz Rose, por e-mail, em entrevista à Folha.
"O site pega o melhor dos dois mundos. Um artigo da mídia tradicional tem tanta chance de ser promovido no Digg quanto um blog obscuro, se o conteúdo for interessante. Além disso, como recebemos mais de 16 mil sugestões de conteúdo diariamente, o site é uma grande maneira de consolidar informações de diversas fontes, em vez de tirá-las de um único jornal ou revista."

Controle
O modelo de "notícias populares" do Digg foi bastante copiado por outros sites, mas mostrou limitações: como o conteúdo é controlado pelos usuários, uma dúzia de internautas obstinados pode ser suficiente para alterar artificialmente o que aparece no site.
"Nós percebemos que, em comunidades abertas, os usuários que "gritam" mais aparecem mais. Para evitar isso, desenvolvemos uma série de mecanismos para encorajar cada vez mais pessoas a participar ativamente", diz Rose.
O site também lançou mão de um algoritmo -um programa que usa cálculos e um conjunto de regras para ponderar os votos e as sugestões, tornando o ranking de popularidade mais equilibrado.
"O algoritmo é o principal diferenciador do Digg, foi algo que passamos mais de três anos refinando. Ele garante que o conteúdo mais popular e votado pelo grupo mais diverso de usuários chegue ao topo."
Com o aumento da fama do site -segundo Rose, são 29 milhões de visitantes únicos por mês-, ele passou a ser vítima de internautas bancados por empresas ou políticos interessados em promover notícias relacionadas a eles (e em "enterrar" as menções negativas).
Para combatê-los, Rose diz contar com a "experiência em análise estatística e comportamental do material que é submetido pelos usuários", o que lhe permite identificar desvios do padrão e bloqueá-los.
Mais do que isso, ele se baseia firmemente no lema "o usuário é o moderador". "A comunidade do Digg é muito eficiente em se autopoliciar e nós lhe damos as ferramentas para denunciar e banir usuários. Nossos usuários são nossos editores."

Para o alto e avante
Apesar de ser sua criação mais bem-sucedida, o Digg não foi a única incursão do norte-americano Rose na rede -ele também fundou uma TV on-line (a Revision3) e um site que é, grosso modo, uma mistura do Twitter com o Orkut, o www.pownce.com.
Mas é no Digg que sua atenção segue focada -o site acaba de fechar uma parceria com o ultrapopular site de relacionamentos Facebook, fazendo com que os 90 milhões de usuários deste possam se tornar, automaticamente, "diggers" (como são conhecidos os usuários do Digg).


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