São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2011

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VIVIAN WHITEMAN - ultima.moda@grupofolha.com.br

Guerra das sacolas

SHOPPINGS DE SÃO PAULO FECHAM CONTRATOS COM GRIFES DE LUXO E DISPUTAM CLIENTES COM LOJAS DE RUA DOS JARDINS

Uma guerra envolvendo os shoppings e a área conhecida como "quadrilátero do luxo", no Jardins, começa a tomar forma em São Paulo. A mais recente "batalha" envolve a grife de joias Cartier, que está instalada na rua Haddock Lobo desde 1997 e que deve mudar de endereço.
Apesar de não confirmar o fechamento da loja, a Cartier já divulgou que abrirá uma flagship no shopping Cidade Jardim em 2012. A Folha apurou que a marca não só deixará seu espaço nos Jardins como também iniciará uma expansão de lojas em shoppings, como fez sua concorrente Tiffany. Só neste ano, grifes como Balmain, Lanvin e Balenciaga anunciaram a abertura de suas primeiras lojas no país. Todas elas em shoppings.
"É um comportamento de manada. Um vai, e o outro vai atrás", afirma a presidente da Associação dos Lojistas da Oscar Freire, Rosangela Lyra.
No próximo ano, a Dior, marca da qual Rosangela é diretora no país, abrirá um loja no shopping Cidade Jardim. Neste mês de liquidação, durante grande parte da semana, muitas lojas da Oscar Freire estavam às moscas. Há tapumes e pontos vazios esperando interessados.
Dados da Associação Brasileira de Shopping Centers mostram que, nos últimos cinco anos, o número de shoppings no Brasil passou de 338 para 408. Até o final de 2012, outros 54 deverão ser inaugurados, sendo 20 no Estado de São Paulo. O faturamento do setor, em 2010, foi de R$ 87 bilhões, valor 17,5% maior do que o registrado em 2009.
"O percentual de pessoas que entram e fazem alguma compra é de 60% nos shoppings. Nas ruas, o número cai para 20%. Além disso, é mais barato abrir loja em shopping", diz Eduardo Novaes, diretor da Multiplan, empresa dona de 13 shoppings (entre eles, Morumbi e Anália Franco) e que em 2012 abre o Village Mall, centro de luxo na Barra da Tijuca, no Rio. O designer de calçados de luxo Alexandre Birman, dono da Schutz, rebate. "É mais barato para marcas internacionais. Para as brasileiras, os preços são mais altos."
Em 2012, o Iguatemi inaugura o JK, que terá grifes como Topshop e Gucci. Já o grupo JHSF quer brigar em "campo inimigo": abrirá uma versão reduzida do shopping Cidade Jardim na antiga Casa Fasano, na Haddock.
"Num shopping, o cliente pode comprar em dias de chuva, tem vaga para estacionar e um mix de produtos selecionado", diz Ana Magalhães, diretora de shoppings do grupo.
Já Rosangela Lyra aposta no charme dos arredores da Oscar Freire como ponto turístico. "Temos aqui um espaço de convivência, onde você pode comprar e também tomar um café ao ar livre, como se estivesse na Europa."

"Charme" da Oscar Freire atrai turistas

A Folha acompanhou o movimento na rua Oscar Freire durante quatro dias (úteis e finais de semana), nas últimas semanas. Na rua, é notável a presença de turistas, que se aglomeram nos cafés e restaurantes.
"Vamos passar só dois dias em São Paulo e decidimos vir aqui. É ótimo para passear, mas acho que a rua tenta ser o que não é. Não tem esse luxo todo", diz a arquiteta Fernanda Abras, 25.
Com mais quatro amigas, ela veio de Belo Horizonte (MG) e voltou com duas sacolas: uma da Melissa e outra da grife patricinha 284. O charme, no entanto, ainda atrai turistas. "Adoro o clima da Oscar Freire, apesar de comprar mais em shoppings", diz a comerciante capixaba Letícia von Schilgen.
O último estudo sobre o público da Oscar Freire foi feito em 2008. Naquele ano, 33 mil pessoas transitavam diariamente pela "rua de luxo".
A pesquisa, encomendada pela Associação dos Lojistas da Oscar Freire, não leva em conta os efeitos da chegada de grifes internacionais aos shoppings da capital, que cresceu nos últimos anos. O shopping Iguatemi, por exemplo, recebe em média 55 mil pessoas por dia.
"No shopping tenho tudo de que preciso, não preciso procurar na rua. E como na minha cidade não tinha shopping, estou aproveitando", diz a estudante de moda Daniele Bianchi, 21, ex-moradora de Botucatu (interior de SP) e frequentadora assídua das lojas do Iguatemi.

Social Gisele Bündchen será a embaixadora do Fashion Night's Out, maratona de compras promovida pela revista "Vogue". No dia 12 de setembro, a top participa de um leilão, ainda sem local definido, onde serão arrematadas oito peças usadas por ela em um de seus editoriais para a revista.

Estampa A grife Neon (r. Campevas, 599) criou três modelos de camisetas para a marca The Candy Shop Flavour (r. Augusta, 2.690), do ator Paulinho Vilhena. As peças, que custam entre R$ 110 e R$ 150, serão lançadas na próxima quinta.

TUITADAS

@leticiamamed Quanto mais se moderniza, mais o capitalismo, em nome do lucro, reinventa formas arcaicas de trabalho. O caso Zara: http://t.co/zXYjSn5
Internautas comentam as acusações de trabalho escravo contra a Zara

@ramalhomarcelo Uma marca é responsável por seu processo, mesmo quando terceiriza. Zara não pode alegar que não sabia, ou não sabia por que não se importava
Consultor de marketing comenta as responsabilidades da marca

@trendtips P/ quem tá achando um absurdo o trabalho escravo na #zara, recomendo o livro "no logo" de naomi klein ou até msm uma voltinha no bom retiro!
Site recomenda livro de jornalista sobre o mercado das grifes milionárias e faz referências a casos anteriores de trabalho escravo no bairro do Bom Retiro

PICAPE DE LUXO
O DJ Arthuro Cavalli, que comanda, ao lado do estilista Walério Araújo, as picapes do clube The Society (r. Marquês de Paranaguá, 329) nesta sexta. O pernambucano foi sondado por três agências de modelos paulistanas que querem transformá-lo no novo top andrógino do momento.

com PEDRO DINIZ


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