São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2011 |
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Melville inspira Denise Stoklos em novo espetáculo Personagem Bartleby, do escritor americano, é o autor da frase-título de "Preferiria Não", que estreia hoje No espetáculo, a obra de Melville, que questiona a mesmice cotidiana, é repleta de adaptações inseridas pela atriz GUSTAVO FIORATTI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Dizer apenas "sim" para o chefe pode ser algo pouco saudável, e Denise Stoklos diagnostica essa possível enfermidade contemporânea em seu "Preferiria Não". O espetáculo teve pré-estreia no Festival de Curitiba e hoje faz sua estreia nacional no Sesc Consolação. A frase do título pertence, na verdade, ao personagem Bartleby, do romance "Bartleby, o Escriturário", de Herman Melville, que dá base ao espetáculo. Ao rejeitar uma ou outra ordem de seu chefe, em um escritório de advocacia (que no original fica em Nova York), Bartleby desloca-se do papel de mero copista. Provoca admiração nos colegas, inclusive no chefe. Tira do eixo a mesmice cotidiana, o sonambulismo da servidão. Publicado em 1853, o livro passou a ser analisado também como uma reflexão de Melville (autor de "Moby Dick") sobre uma recusa íntima: a de permanecer escrevendo em determinadas condições. A obra, por fim, acabou dando margem a leituras sobre as circunstâncias que emperram a criação -do artista inclusive. Essa questão se expandiu para trabalhos dos séculos seguintes. O escritor espanhol Enrique Vila-Matas, por exemplo, escreveu "Bartleby e Companhia" (2000), ensaio sobre grandes autores que não deram continuidade a suas obras. No espetáculo de Denise, o romance de Melville vem carregado de adaptações, para encaixe de embocadura, para inserções biográficas da própria atriz. Stoklos é autora do que ela própria batizou como teatro essencial, um exercício de linguagem física, que permite em cena uma partitura de transições. Ora o personagem-narrador -o chefe do escritório- ganha força, estilizado pelo gesto, ora é a própria atriz que está em cena, desprovida de qualquer caracterização. O encerramento da peça vem do próprio punho de Stoklos. As considerações sobre animosidade -ou a falta dela-, assim como as referências sobre um sanatório, não pertencem à obra de Herman Melville. PREFERIRIA NÃO ONDE Teatro Anchieta do Sesc Consolação (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/11/3234-3000) QUANDO Sex. e sáb., às 21h; dom., às 19h QUANTO R$ 32 CLASSIFICAÇÃO 14 anos Texto Anterior: Coleção Folha traz cultuado drama italiano neste domingo Próximo Texto: Música erudita: Orquestra de Montréal toca no Rio e em SP Índice | Comunicar Erros |
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